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Ciência

Nova técnica de edição genética corrige doenças em células humanas

A CRISPR permite reparar mutações no RNA relacionadas à anemia e ao diabetes

Nuño Domínguez – 26/10/2017

Desde há mais de 3 bilhões de anos, inúmeras combinações e repetições das mesmas quatro letras foram suficientes para dar origem a todos os seres vivos do planeta. Os seres humanos são os únicos que desenvolveram um cérebro capaz de não apenas compreender o funcionamento básico desse alfabeto genético composto pelas quatro bases do DNA – adenina, guanina, timina e citosina, ou A, G, T, C –, mas reescrevê-lo graças à ferramenta de edição genética CRISPR. Isso já está sendo aplicado para corrigir defeitos genéticos em embriões humanos e está sendo estudado em pacientes com câncer de pulmão e outros tumores.
Nesta quarta-feira estão sendo publicados os detalhes de duas novas versões desse editor de texto genético que aperfeiçoam a capacidade dos seres humanos para reescrever o genoma dos seres vivos sem introduzir erros que poderiam gerar mutações perigosas.

O primeiro trabalho foi conduzido por Feng Zhang, um pesquisador norte-americano de origem chinesa que foi o primeiro a aplicar a CRISPR em células de mamíferos e que atualmente é um dos três nomes mais importantes nesse campo, ao lado das duas mulheres que desenvolveram a técnica, Jennifer Doudna e Emmanuelle Charpentier. Os três estão envolvidos em uma batalha legal para controlar patentes sobre essa tecnologia.

equipe de Zhang no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) desenvolveu uma versão da CRISPR capaz de modificar o RNA, ácido nucleico que lê e transcreve as instruções escritas no DNA para sintetizar proteínas. Todas as versões desse intermediário genético também são formadas por quatro letras, as mesmas do DNA, menos o uracilo (U) no lugar da timina (T). Essas letras sempre se juntam em pares de bases, A com T e G com C. Muitas doenças raras de origem genética são desencadeadas por uma única letra de DNA mal situada na sequência.

A edição genética se inspira no sistema imunológico rudimentar com o qual alguns micróbios guardam em seu genoma fragmentos do genoma de vírus como se fosse um retrato falado que lhes permite identificá-los e lançar contra eles algumas enzimas que cortam o RNA viral e o desativam. Zhang e sua equipe descreveram um novo grupo dessas enzimas presentes em bactérias do gênero Prevotella, que inclui micróbios que normalmente vivem nos intestinos e na vagina. Os pesquisadores desativaram a capacidade dessas enzimas – as Cas 13b – para cortar o RNA e adicionaram a elas outra proteína que troca uma base de adenina (A) por outra de inosina (I), que é lida como se fosse uma guanina (G). Esse novo sistema se liga seletivamente a sequências determinadas de RNA e troca um A por um G. As mudanças são apenas temporárias – duram o tempo que o RNA leva para se degradar dentro da célula – e reversíveis, o que não acontece com a CRISPR convencional que é aplicada ao DNA e que, uma vez alterada, permanece assim para o bem ou para o mal.

“Até agora conseguimos desativar genes, mas recuperar a função das proteínas é muito mais complicado”, explicou Zhang em um comunicado de imprensa de sua instituição. “Essa nova capacidade de editar o RNA abre mais possibilidades para reparar essas funções e tratar muitas doenças em praticamente qualquer tipo de célula”, acrescenta.

Em seu estudo, publicado pela revista Science, os pesquisadores usaram seu editor, chamado Repair, para corrigir mutações nas células humanas que causam anemia de Fanconi e um tipo de diabetes. O sistema tem uma taxa de sucesso entre 20% e 40% e a equipe reduziu o número de erros que introduz no RNA de mais de 18.000 para apenas 20.

O estudo “antecipa uma série de aplicações muito interessantes do ponto de vista da pesquisa básica, mas também sua aplicação para tratar doenças congênitas, ou para reproduzir alelos, variantes protetoras de genes, por exemplo, corrigir um oncogene mutado para evitar sua ativação e que desencadeie a transformação tumoral”, diz Lluis Montoliu, pesquisador do Centro Nacional de Biotecnologia (CSIC), que não participou da pesquisa.

Um dos objetivos de Zhang é buscar novos tratamentos para doenças mentais com uma abordagem semelhante à utilizada para o câncer ou doenças cardiovasculares. O problema é que o nível de conhecimento dessas doenças ainda é muito menor, como ele mesmo explicou. Sua nova criação pode ajudar a compreender melhor o cérebro e seu funcionamento. “Por enquanto, esta seria a única ferramenta para estudar o que acontece quando uma base de adenosina se transforma em inosina e essas mudanças estão envolvidas com o desenvolvimento do cérebro e o surgimento do câncer”, explica Marc Güell, especialista em CRISPR e pesquisador da Universidade Pompeu Fabra.

O segundo trabalho, publicado nesta quarta-feira pela revista Nature, completa a caixa de ferramentas para modificar o DNA graças à primeira versão da CRISPR capaz de transformar pares de bases de AT em GC, o que permitiria corrigir uma alteração que é responsável pela metade de todas as mutações patológicas conhecidas, de acordo com o trabalho. Além disso, essa nova versão da CRISPR reduz de 10% para 0,1% a taxa de erros introduzidos no genoma de forma involuntária. Os pesquisadores demonstraram sua nova tecnologia corrigindo duas doenças sanguíneas causadas por esse tipo de mutações em células humanas. Graças a essa nova ferramenta já é possível editar qualquer uma das quatro letras do alfabeto genético.

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/10/25/ciencia/1508946003_990505.html

Pesquisa genética

Pela 1ª vez, cientistas removem doença genética de embrião com ‘cirurgia química’

James Gallagher

Da BBC News 28/09/2017

Pesquisadores chineses afirmam ter realizado pela primeira vez no mundo uma “cirurgia química” em embriões humanos para extrair uma doença. A equipe da Universidade de Sun Yat-sen usou uma técnica chamada “edição de base” para corrigir um único erro entre as três bilhões de “letras” do nosso código genético. Eles alteraram embriões feitos em laboratório para extrair a doença talassemia beta.

A equipe disse que o experimento pode levar, algum dia, ao tratamento de uma série de doenças herdadas geneticamente. A técnica altera a construção base do DNA: as quatro bases adenina, citosina, guanina e timina. Elas são mais conhecidas por suas respectivas letras iniciais, A, C, G e T.

Todas as instruções para “configurar” o corpo humano e colocá-lo em funcionamento estão codificadas nas combinações dessas quatro bases.

A talassemia beta, uma doença sanguínea que causa sintomas de anemia e pode levar à morte, é provocada por uma mudança em uma única base no código genético – conhecida como mutação pontual. Os pesquisadores chineses a “editaram de volta”.

Eles copiaram o DNA e trocaram o G por um A, corrigindo o problema. “Nós somos os primeiros a demonstrar a viabilidade de curar doenças genéticas em embriões humanos a partir de um sistema de edição de base”, disse à BBC Junjiu Huang, um dos cientistas do grupo.

Ele disse que o estudo abre novas portas para tratar pacientes e prevenir bebês de nascerem com a talassemia beta “e até mesmo outras doenças hereditárias”. Os experimentos foram feitos com tecidos de um paciente com a doença e através de embriões humanos criados a partir da clonagem.

Revolução genética

A edição de base é um avanço em relação a outra forma de editar genes, a técnica conhecida como Crispr, que já está revolucionando a ciência. A Crispr quebra o DNA. Quando o corpo tenta consertar a quebra, ela desativa uma série de instruções, que também são chamadas de gene. Aí está a oportunidade de inserir novas informações genéticas.

A edição de base faz as próprias bases de DNA se transformarem umas nas outras. O professor David Liu, pioneiro da edição de base na Universidade de Harvard, descreveu o método como “cirurgia química”.

Ele afirma que a técnica é mais eficiente e tem menos efeitos colaterais indesejados do que a Crispr. “Cerca de dois terços das variantes genéticas humanas associadas a doenças são mutações pontuais. Portanto, a edição de base tem o potencial de corrigir diretamente, ou reproduzir para fins de pesquisa, muitas [mutações] patogênicas”.

O grupo de cientistas da Universidade de Sun Yat-sen em Guangzhou (China) virou manchete anteriormente quando eles foram os primeiros a usar a técnica Crispr em embriões humanos. O professor Robin Lovell-Badge, do Instituto Francis Crick em Londres, disse que determinados trechos desse último estudo são “engenhosos”.

Mas ele também questionou por que eles não fizeram mais pesquisas com animais antes de ir diretamente aos embriões humanos e afirmou que as regras sobre pesquisas com embriões em outros países teriam sido “mais rigorosas”.

O estudo, publicado na revista científica Protein and Cell, é o mais recente exemplo da rapidez na evolução da habilidade dos cientistas de manipular o DNA humano. Isso está provocando um debate profundo de ética na sociedade, sobre o que é e o que não é aceitável nos esforços para prevenir doenças.

O professor Lovell-Badge disse que esses métodos dificilmente serão usados clinicamente em breve. “Serão necessários muito mais debates sobre ética e sobre como esses métodos seriam regulados. E, em muitos países, incluindo a China, é necessário ter mecanismos mais robustos para regulação, fiscalização e acompanhamento a longo prazo.”

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/bbc/2017/09/28/pela-1-vez-cientistas-removem-doenca-genetica-de-embriao-com-cirurgia-quimica.htm

Medicina Personalizada e eficácia dos medicamentos

Quem nunca ouviu a frase “esse medicamento não funciona pra mim”? Creio que todo mundo e no campo da Medicina, acredite, ouve-se com uma constância preocupante. Afinal, muitas vidas dependem de medicamentos. E eles não fazem efeito em cerca de um terço dos pacientes, conforme comprovam várias pesquisas. Quando falamos de doenças crônicas e incuráveis, esse dado preocupa ainda mais.

Por que um medicamento não funciona? Cada paciente é único, com seu próprio DNA, não existem dois pacientes com a mesma identidade genética. Essa é a principal razão porque nem todos os pacientes respondem da mesma maneira ao tratamento padrão, desenvolvido pela indústria farmacêutica e baseado na média de respostas da população aos medicamentos.

O conceito de que “uma mesma dose serve para todos” é completamente errado. Daí a importância da Medicina Personalizada, onde cada paciente recebe terapia baseada no seu perfil genético, ou seja, o tratamento é individualizado. Isso tem se tornado cada vez mais possível por causa da farmacogenômica, que estuda como as variações genéticas afetam a resposta das pessoas aos medicamentos.

A grande maioria dos medicamentos é metabolizada no fígado. O mecanismo primário da metabolização hepática é o sistema enzimático do citocromo P450, responsável pelo efeito no organismo de mais de 80% dos medicamentos mais utilizados atualmente. O teste farmacogenético avalia as enzimas hepáticas, determinando a sensibilidade de cada paciente aos diferentes tipos de medicamentos. O teste diz como o paciente vai responder, evitando assim toxicidade, por acumulo da substância no organismo, ou falta de eficácia, situações que colocam a vida em sério risco.

Todas as enzimas, incluindo as enzimas da família do Citocromo P450, são produzidas por genes específicos. O gene contém o código do DNA para a construção da enzima. É comum uma enzima sofrer alteração. Isso é causado pela troca de um nucleotídeo do código. Essa alteração é chamada de SNP (Single Nucleotideo Polimorfismo). Um gene (também chamado de alelo) com um SNP é chamado de gene variante ou alelo variante.

Muitas pessoas possuem um gene variante que afeta a função de uma ou mais enzimas que metabolizam medicamentos. A maioria das variantes causa perda de função enzimática. Pacientes que possuem genes variantes são metabolizadores lentos ou intermediários ou ultrarrápidos. As pessoas que metabolizam as substâncias muito rapidamente apresentam perda quase total de eficácia do medicamento. Já as que metabolizam lentamente acumulam a substância na corrente sanguínea, causando reações adversas que podem até levar a morte. Nos intermediários, a eficácia também está comprometida.

Pacientes tratados com vários medicamentos ao mesmo tempo também possuem um risco elevado de reações adversas e apresentam chances maiores de uma ou mais substâncias não serem metabolizadas corretamente. Aproximadamente 5% das pessoas que sofrem reações adversas morrem em decorrência do problema, sendo que 49,5% das mortes e 61% das internações são observadas em pessoas com mais de 60 anos, exatamente a faixa etária em que é mais comum o uso de vários medicamentos simultaneamente.

Qualquer paciente pode se beneficiar do teste farmacogenético. Assim como o conhecimento do tipo sanguíneo pode salvar vidas, o conhecimento genético pode ser crucial em uma emergência. Ele deve ser absolutamente indicado para pacientes com câncer, alterações psiquiátricas, alterações de coagulação, e outras condições onde a estratégia de “tentativa e erro” seja de alto risco.

Vejamos o caso do clopidogrel (Plavix), por exemplo, um dos medicamentos mais indicados para prevenir a formação de coágulos, que causam infartos e derrames. Essa substância faz parte da categoria chamada de pró-fármaco, ou pró-droga, isto é, de medicamentos que são administrados na forma inativa. Para ser ativada no organismo, a substância precisa do perfeito funcionamento das enzimas, que farão esse papel para que o medicamento faça efeito.

Esse problema é tão sério que o FDA (Food and Drug Administration), agência norte-americana que regula o setor de medicamentos, reconhece os efeitos das variações genéticas e desde março de 2010 exige que as bulas de clopidogrel contenham mensagem de cuidado a respeito de sua eficácia em pacientes com variantes.

Cabe ressaltar aqui que, além de salvar vidas, os testes farmacogenéticos são realizados somente uma vez na vida e ajudam a individualizar qualquer tipo de tratamento com medicamentos, evitando reações adversas e maximizando a eficácia.

 

 

Cardio Gene

Testes cardiogenéticos que ajudam a determinar a dose certa do Clopidogrel começam a ser produzidos no país e ficam mais acessíveis

Variações na atividade da enzima CYP2C9, responsável pela metabolização do fármaco, faz com que o produto não seja absorvido de forma regular por 30% dos mais de 400 mil pacientes que utilizam o produto no país

 

O Clopidogrel é um dos principais casos de sucesso do mercado de medicamentos genéricos. Desde que o produto referência, o Plavix (Sanofi), perdeu sua patente, em 2006, o consumo do medicamento em volume cresceu 565% em 10 anos, de acordo com os dados IMS Health, instituto que audita as vendas do setor farmacêutico.

Indicado para prevenir a formação de coágulos em pacientes que tiveram Infarto do Miocárdio ou Acidente Vascular Cerebral recente, é um dos principais produtos em vendas de sua classe terapêutica. No ano passado, foram comercializadas 4.901.504 milhões de unidades de Clopidogrel (caixinhas). Por ser tomado em uma dose diária, é possível aferir que 408.458 mil pacientes fizeram uso do produto em 2016 no país.

O problema é que aproximadamente 30% destes pacientes estão correndo sérios riscos por conta de variações na atividade da enzima CYP2C9, responsável pela metabolização do medicamento. Quando ela ocorre de forma lenta, pode causar trombose nas artérias coronarianas, derrames e até a morte do paciente. Se a metabolização é muita rápida, o risco é de sangramentos.

As primeiras informações que deram conta deste desvio de padrão no funcionamento do produto saíram de um estudo de metanálise publicado pelo jornal da Associação Médica Americana (JAMA) em 2010, contabilizando nove pesquisas independentes com 10 mil pacientes analisados.

Desde então, o FDA, órgão responsável pela vigilância sanitária nos Estados Unidos, determina que a bula desse tipo de medicamento deve orientar os médicos a recomendarem testes cardiogenéticos aos pacientes que precisam utilizar o medicamento. O cardiogenético é um teste farmacogenético que analisa a resposta das pessoas aos medicamentos, ao detectar a existência ou não de variações e quais são elas, se existirem, garantindo, assim, tratamento eficaz. A mudança foi incorporada como nova diretriz pela sociedade americana de cardiologia.

No caso dos pacientes com metabolização lenta, os estudos comprovaram que há absorção em média 32,4% menor do Clopidogrel apresentando risco aumentado de 53% de morte por eventos cardiovasculares e aumento de 3 vezes no risco de trombose para pacientes com stent. Há também aumento considerável nos efeitos colaterais causados pela droga. Por outro lado, pacientes com metabolização ultrarrápida correm sérios riscos de sangramento após 30 dias de utilização do produto.

Outro estudo, o Triton Timi 38, de 2009, randomizou 13.608 pacientes divididos entre os que receberam o Clopidogrel e o Prasugrel, constatando que o segundo medicamento reduz significativamente o número de eventos isquêmicos cardiovasculares. Dado o alto custo de Prasugrel em relação ao Clopidogrel, a realização do teste cardiogenético é recomendada nos Estados Unidos para triagem dos pacientes que utilizar o produto.

 

Cenário

Enquanto quase 100% dos médicos americanos recomendam o teste como forma de se precaver contra eventuais ações de indenização em caso de problemas futuros, no Brasil o teste ainda é pouco indicado. “Pelo fato de até então serem importados, eram pouco acessíveis para a maioria absoluta dos pacientes”, explica o médico Mario Grieco, CEO do Life Grupo, a primeira empresa nacional a realizar esse procedimento no Brasil por meio da Life Diagnósticos, sua unidade de negócio especializada em Medicina Personalizada.

Grieco, que tem longa trajetória na indústria farmacêutica, tendo sido presidente da Bristol-Myers Squibb, entre outras multinacionais, estima que menos de 5% dos 408.458 mil pacientes tenham realizado o procedimento no Brasil. “Especialistas da Faculdade de Medicina da USP e do Incor, os médicos Elias Ascer e Luís Antônio Machado César, já conduziram estudos clínicos comprovando a necessidade dos testes para prevenção de riscos em pacientes que utilizam o medicamento, mas o acesso ao procedimento sempre foi restrito”, observa.

Nos EUA, o teste faz parte faz parte do protocolo de atendimento de clínicas e hospitais, pontua Grieco. “Apesar de conseguirmos realizar o teste no Brasil por um preço bem mais acessível do que o oferecido pelas importadoras, boa parte da população ainda sofre com o fato de que não é coberto pelo SUS e não está no Rol de Procedimentos da ANS, ou seja, também não é coberto pela maioria dos planos de saúde. Trata-se de uma pauta relevante do ponto de vista de saúde pública, considerando o número de pessoas que utilizam esse medicamento”, analisa Grieco.

Os testes oferecidos pela Life Diagnósticos custarão aproximadamente R$ 500 e poderão ser sugeridos pelos próprios médicos aos seus pacientes. Com objetivo de informar os profissionais sobre a oferta dos testes “nacionalizados”, a empresa inicia em março uma forte campanha voltada para cardiologistas. “O valor do teste, considerando que é feito uma vez apenas, é bastante razoável. Porém, o mais importante é que ele salva vidas”, argumenta Grieco.

 

Sobre a Life Grupo

Fundado em 2013 por Mario Grieco, o Grupo tem um modelo de negócio inovador ao atuar em diversos segmentos oferecendo um portfólio extenso de produtos e serviços voltados para a área da saúde. Esse modelo é fruto do espírito empreendedor e da experiência de seu fundador, que atuou por mais de 30 anos na indústria farmacêutica, liderando equipes e empresas de grande porte. A Life Grupo já recebeu mais de R$ 30 milhões em investimentos desde a sua fundação, alcançou o break-even-point e tem mostrado expressivos índices de crescimento nas receitas, que devem subir em torno de 30% este ano. Em 2016, cresceram 20%.

O Grupo é formado por unidades de negócios e duas empresas. São unidades a Life Diagnósticos, divisão especializada em Medicina Personalizada que abriga um laboratório de testes genéticos e farmacogenéticos, além de fornecer produtos e serviços de alta tecnologia para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças; a Life Farmacêutica, especializada em desenvolvimento, lançamento e promoção de medicamentos; a Life Publicidade, especializada no desenvolvimento de campanhas publicitárias para o setor de saúde; a Life Distribuidora, especializada na promoção e vendas de produtos farmacêuticos; e a clínica de reprodução humana Chedid Grieco, que possui um avançado laboratório genético.

As empresas que completam o Grupo são a Vida, especializada na importação e distribuição de cosméticos, e a Saúde, especializada na importação e distribuição de máquinas e equipamentos médico-hospitalares. O Life Grupo também mantém uma filial em Miami (EUA) para apoiar as atividades da empresa no Brasil.

 

Informações para a imprensa:

Vital Agência

Fábio Pimentel – fabio.pimentel@vitalagencia.com – 11 9 3806 0617

Iolanda Nascimento – iolanda.nascimento@vitalagencia.com – 11 9 3800 5890

 

 

Medicina Personalizada: o futuro cada vez mais presente

 

Assim como muitos médicos e executivos das empresas especializadas em saúde, costumo dizer que a Medicina Personalizada é a Medicina do futuro. Ela está lá adiante por vários aspectos, que trataremos a seguir, mas também já está bastante disponível para os pacientes do presente. É crescente o rol de exames de diagnóstico, medicamentos, procedimentos e um enorme aparato de produtos e serviços já disponíveis para atender diversas necessidades humanas individualmente, de acordo com a formação genética de um.

Cabe ressaltar, antes de prosseguir, que Medicina Personalizada é aquela que não se orienta pela média. Até a revolução genômica, decorrente do sequenciamento completo do genoma humano, cientistas e médicos estavam mais preocupados em descobrir soluções para a esmagadora maioria dos problemas baseados na resposta média da população. Não consideravam as variantes individuais que influenciam de sobremaneira a propensão de cada um a doenças, bem como a resposta a tratamentos.

A Medicina Personalizada considera cada pessoa única e a trata como tal, ao analisar o seu código genético, também único, uma vez que todo ser humano tem uma identidade genética própria, que não se iguala a de nenhum outro. Nessa investigação do DNA de cada um, é possível detectar o grau de risco de predisposição a doenças, fundamental na esfera da prevenção; e fazer diagnóstico precoce, o que possibilita tratamentos mais rápidos e economia de recursos públicos ou privados nesse processo. Melhor, garante qualidade de vida aos pacientes.

É possível, ainda, confirmar diagnósticos com precisão; e determinar o medicamento certo e na dose certa individualmente, a partir dos avanços da farmacogenômica, a seara que cuida da terapia medicamentosa personalizada.  A crescente variedade de instrumentos que possibilitam a prática da Medicina Personalizada é resultado de muito investimento, sem o qual não se avança em área alguma, também crescente no setor.

Somente na área de biotecnologia, esse elo fundamental da Medicina Personalizada do futuro e que já é bastante presente também, um estudo da Tufts University, de Boston (EUA), mostra que os investimentos nessa área aumentaram quase 90%, num prazo de cinco anos, entre 2010 e 2015. A pesquisa foi realizada com 16 empresas que atuam com biofármacos e buscam forte posicionamento em farmacogenômica.

São as maiores desse mercado e respondem por parcela significativa, mas o estudo não contempla o cenário completo, o que nos dá a certeza de que os investimentos são muito maiores. Nessa conta não estão, por exemplo, os aportes das empresas de diagnósticos, sejam fabricantes de equipamentos ou prestadoras de serviços de exames laboratoriais. Essas também investem cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento com foco na Medicina Personalizada porque a demanda é crescente. É essa procura maior que torna as novas tecnologias cada vez mais acessíveis – regra em qualquer mercado.

O setor de produtos biotecnológicos movimenta mais de US$ 160 bilhões no mundo. No Brasil, em torno de US$ 6 bilhões. E tem avançado significativamente em participação no total do bolo do setor farmacêutico, de mais de US$ 1 trilhão em vendas de medicamentos anuais, em âmbito mundial. Ganha participação e tende a ganhar ainda mais porque é eficaz.

Quando se descobriu mais sobre o genoma humano e a possibilidade de personalizar tratamentos, investiu-se muito em pesquisas especialmente para tratar alguns tipos de câncer e a ciência evoluiu substancialmente nessa área, com as terapias-alvo, que praticamente já dominam esse setor.

A comprovação dos bons resultados dados a cada passo no tratamento de câncer colocou mais empresas e mais cientistas para trabalhar na busca por resultados tão eficientes no combate a outras doenças, que também castigam muito o ser humano e as finanças públicas. Hoje, a Medicina já é bastante personalizada também na neuropsiquiatria, cardiologia, doenças do sistema imunológico, metabólicas, infecciosas e inflamatórias.

Ela é do futuro porque há muito que se investir ainda para abranger o extenso leque de velhos e novos problemas que surgem a cada dia e afetam o ser humano. Há muito o quê se fazer ainda para barateá-la e tornar o que já existe mais acessível. Mas o que já está desenvolvido também não está mais tão caro, como provam os diversos laboratórios especializados em testes genéticos a preços mais populares que vêm sendo criados anualmente no Brasil. Há poucos anos, eles não existiam e muitos testes na área genética só eram realizados em laboratórios no exterior.