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Pesquisa

Pesquisa revela como o exercício físico protege o coração

19 de julho de 2017

Karina Toledo, em Ribeirão Preto | Agência FAPESP – A prática regular de atividade física tem se firmado como uma importante forma de tratamento para a insuficiência cardíaca – doença caracterizada pela incapacidade do coração de bombear sangue adequadamente.

Os benefícios vão desde prevenir a caquexia – perda severa de peso e massa muscular – até o controle da pressão arterial, a melhora da função cardíaca e o retardo do processo degenerativo que causa a morte progressiva das células do coração e leva à morte 70% dos afetados pela doença nos primeiros cinco anos.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), publicado na revista Autophagy, ajuda a elucidar parte dos mecanismos pelos quais o exercício aeróbico protege o coração doente.

““Basicamente, o que descobrimos é que o treinamento aeróbico facilita a remoção de mitocôndrias disfuncionais nas células cardíacas”, contou Julio Cesar Batista Ferreira, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e coordenador do projeto.

As mitocôndrias são as organelas responsáveis por produzir energia para as células. “A remoção dessas organelas promove um aumento na oferta de ATP [adenosina trifosfato, molécula que armazena energia para a célula] e reduz a produção de moléculas tóxicas, como os radicais livres de oxigênio e os aldeídos reativos, que em excesso danificam as estruturas celulares”, acrescentou.

Segundo o pesquisador, o objetivo da pesquisa no longo prazo é identificar alvos intracelulares que podem ser modulados por meio de fármacos para promover pelo menos parte dos benefícios cardíacos obtidos com a atividade física.

“Claro que não queremos criar a pílula do exercício, isso seria impossível, pois ele atua em muitos níveis e em todo o organismo. Mas talvez seja viável, por meio de um medicamento, mimetizar ou maximizar o efeito positivo da atividade física no coração”, comentou Ferreira.

O trabalho de investigação vem sendo conduzido durante o mestrado e o doutorado de Juliane Cruz Campos, bolsista da FAPESP e orientanda de Ferreira.

Em uma pesquisa anterior, publicada na revista PLoS One, o grupo mostrou por meio de experimentos com ratos que o treinamento aeróbico reativa um complexo intracelular conhecido como proteassoma – principal responsável pela degradação de proteínas danificadas.

Os resultados mostraram ainda que, no coração de portadores de insuficiência cardíaca, a atividade desse sistema de limpeza diminui mais de 50% e, consequentemente, proteínas altamente reativas começam a se acumular no citoplasma, interagindo com outras estruturas e causando a morte das células cardíacas.

No trabalho recém-publicado, que foi destaque na capa da revista, o grupo revelou que a atividade física também regula a atividade de outro mecanismo de limpeza celular conhecido como sistema de autofagia – cuja descoberta rendeu o Nobel de Medicina ao cientista japonês Yoshinori Ohsumi, em 2016.

“Em vez de degradar proteínas isoladas, esse sistema cria uma vesícula [autofagossomo] em volta de organelas disfuncionais e transporta todo esse material de uma só vez até uma espécie de incinerador, o lisossomo. Lá dentro, existem enzimas que destroem o lixo celular. No entanto, observamos que no coração de ratos com insuficiência cardíaca esse fluxo autofágico está interrompido, o que faz com que mitocôndrias disfuncionais comecem a se aglomerar”, explicou Ferreira.

De acordo com o pesquisador, a organela chega a se dividir, isolando a parte danificada para facilitar sua remoção. Isso foi possível constatar ao analisar a atividade de proteínas relacionadas com o processo de divisão mitocondrial. Porém, o sistema que deveria transportar o material rejeitado até o lisossomo não consegue completar a tarefa.

Experimentos

O modelo experimental usado foi o mesmo da pesquisa anterior, que consiste em amarrar uma das artérias coronárias do roedor para induzir um infarto no miocárdio. A falta de irrigação sanguínea causa a morte imediata de aproximadamente 30% das células cardíacas. Após um mês, o animal já apresenta sinais de insuficiência no órgão.

Ao analisar o tecido do coração doente por meio de microscopia eletrônica, capaz de aumentar a imagem em até 3 mil vezes, os pesquisadores notaram que nas células havia uma grande quantidade de mitocôndrias de tamanho reduzido e aglomeradas – algo que não foi observado no coração de animais sadios.

Essas organelas foram colocadas em um equipamento capaz de medir o consumo de oxigênio e, assim, avaliar o metabolismo mitocondrial. O teste confirmou que não estavam respirando como deveriam.

“As imagens mostravam que havia membranas tentando se formar em volta dessas pequenas mitocôndrias, mas o autofagossomo não chegava a envolver a organela de fato. Imaginamos então que elas estavam se acumulando porque o sistema de remoção não estava funcionado e, quando colocamos os animais para se exercitar, essas organelas disfuncionais desapareceram. O exercício restaurou o processo de remoção das mitocôndrias cardíacas disfuncionais. Os benefícios do exercício foram abolidos quando bloqueamos farmacologicamente ou geneticamente a autofagia”, contou Ferreira.

O treinamento dos animais teve início quatro semanas após a indução do infarto, quando eles já apresentavam sinais de insuficiência. Os roedores eram colocados em uma esteira para correr a uma intensidade considerada moderada (70% da capacidade máxima de corrida), durante 60 minutos, uma vez ao dia, cinco vezes por semana, por oito semanas.

Ao final, os resultados eram comparados com o de animais com insuficiência que permaneceram sedentários pelo mesmo período e também com o de animais sadios (que não tiveram infarto induzido) e sedentários (controle).

“No animal doente que permaneceu sedentário, a função cardíaca ao longo das oito semanas caiu 30%, enquanto no grupo treinado ela aumentou 40% em relação à condição pré-treino. No fim, portanto, a diferença na função cardíaca nesses dois grupos foi de 70%”, contou Ferreira.

Enquanto o coração dos ratos doentes sedentários estava em média 18% maior que o grupo-controle, o dos animais treinados aumentou apenas 5%.

“Vale lembrar que o exercício físico também induz um aumento no tamanho do coração, mas relacionado ao ganho de função. Já a dilatação causada pela insuficiência cardíaca está relacionada à perda de função no órgão”, disse o pesquisador.

Já o nível de ATP dos animais doentes sedentários foi 50% menor que o do grupo-controle, enquanto nos animais treinados foi equivalente ao do coração saudável.

“Nossos resultados mostram, portanto, que a atividade física não só previne como também reverte os danos causados pela insuficiência cardíaca. Nossa hipótese é que o treinamento físico module a expressão e/ou atividade de uma ou mais proteínas-chave envolvidas no processo denominado “mitofagia”, a autofagia mitocondrial, restaurando então sua atividade. É o que agora estamos tentando descobrir”, comentou Ferreira.

De acordo com o pesquisador, quando identificados, esses genes e as proteínas por eles codificadas poderiam ser testados como alvos terapêuticos.

Um modelo mais simples

Como explicou o professor do ICB-USP, descobrir o impacto de cada gene/proteína nas adaptações cardíacas decorrentes da atividade física em um organismo complexo como o de mamíferos seria uma tarefa exaustiva – virtualmente impossível. Por esse motivo, nos trabalhos em andamento, o grupo tem usado como modelo vermes da espécie Caenorhabditis elegans.

“São organismos menos complexos, mas cujo genoma se assemelha ao humano em até 90% para algumas famílias de proteínas. Além disso, já existem ferramentas, como a genômica funcional, que permitem avaliar em larga escala a contribuição de cada gene na resposta adaptativa perante condições adversas. A idéia é caracterizar o impacto funcional dos genes envolvidos nos processos de divisão mitocondrial e mitofagia nas adaptações decorrentes do exercício físico”, contou o pesquisador.

O desafio agora, disse Ferreira, é validar uma metodologia que permita colocar os vermes para treinar.

O artigo Exercise reestablishes autophagic flux and mitochondrial quality control in heart failure pode ser lido em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28598232.
http://agencia.fapesp.br/pesquisa_revela_como_o_exercicio_fisico_protege_o_coracao/25695/

Saúde

Brasil é exemplo de acesso universal a medicamentos de ponta para HIV

Publicado em 
Conheça a história de Welber, de 23 anos, de Ribeirão Preto, que descobriu que vivia com HIV no final do ano passado, um dia após o Natal. Após os temores iniciativas, o jovem descobriu que, com a terapia antirretroviral, ele conseguiria enfrentar o vírus. O Brasil investe 1,1 bilhão de reais no fornecimento do tratamento e adota procedimentos e medicamentos modernos para o HIV na rotina do SUS.

As festas que marcaram a virada de 2016 para 2017 tiveram um gosto amargo para Welber Moreira. O jovem de 23 anos descobriu um dia depois do Natal que estava vivendo com o HIV.

Ele conta que se sentiu doente e procurou uma clínica de saúde pública para obter respostas. O médico lhe fez uma pergunta que pegou o jovem de surpresa. “Ele me perguntou: ‘Posso ver seu resultado de teste de HIV mais recente?’”, conta. Welber nunca pensou que um vírus que ele estudou tempos atrás em uma aula de biologia mudaria sua vida um dia.

Foi então que o médico o encaminhou a um dos centros públicos de aconselhamento e testagem de sua cidade natal, Ribeirão Preto, no norte de São Paulo. No local de atendimento, o rapaz fez um teste rápido de HIV. Seu diagnóstico positivo foi confirmado por um segundo exame.

“Chorei pra caramba na frente dela (a enfermeira) e ela falou ‘calma, não é assim!’. Mas eu não via uma saída. Eu achava que eu ia morrer, não conhecia sobre a doença, não sabia como era o tratamento, eu só sabia que HIV era AIDS e AIDS matava. E a AIDS ia me matar e eu ia ficar doente, e ia ficar na cama, ia ficar fedendo, ia depender das pessoas e ninguém ia me amar mais”, lembra Welber sobre o momento do diagnóstico.

“E eu assim, em desespero: eu tenho uma namorada e estava junto com ela quando eu descobri. Eu tinha que informar a ela que eu estava com HIV porque a gente tinha relação sexual sem camisinha.”

Sua namorada teve resultado negativo para o HIV. Ela começou a tomar a profilaxia pós-exposição — ou PEP, um tratamento de prevenção de 28 dias —antes mesmo de Welber começar a terapia com antirretrovirais.

Mas algo mais o deixou preocupado. “Eu estava muito assustado e com medo dos efeitos colaterais”, afirma. Surpreendentemente, o jovem se sentiu bem desde o início do tratamento. Agora, antes de ir para a cama, ele toma duas pílulas à noite. “Não consigo imaginar como era no passado, ter que tomar várias pílulas por dia em momentos diferentes e com efeitos colaterais desagradáveis.”

Welber está entre os mais de 100 mil brasileiros que irão iniciar este ano o tratamento com um novo medicamento contra o HIV. Chamado dolutegravir (DTG), o remédio tem menos efeitos colaterais e é mais eficaz na supressão viral. No início de 2017, o Ministério da Saúde do Brasil anunciou que negociou com sucesso a compra desse medicamento, obtendo um desconto de 70% — o que reduziu o preço por comprimido de 5,10 dólares para 1,50 dólar.

Como resultado, mais pessoas poderão ter acesso ao dolutegravir dentro do orçamento de 2017 aprovado para o fornecimento de tratamento no país. O montante investido pelo Brasil é de 1,1 bilhão de reais.

Welber é grato pelo apoio que recebeu de sua namorada e pela eficiência da clínica e do centro de atendimento. Isso, segundo ele, o ajudou a superar o trauma inicial. Falar de HIV e revelar sua sorologia não mais incomoda o rapaz. Ele conta que fala abertamente sobre isso para seus amigos e no trabalho. Uma pequena parte de sua família não recebeu muito bem a notícia, mas o jovem não perdeu a esperança.

Ele tem grandes planos com sua namorada. “Nós planejamos ter dois filhos, dentro de três anos”, diz.

Welber também disse sentir que tem que ajudar os outros. “Sempre que posso, por exemplo, eu passo na clínica de saúde local e pego alguns preservativos para os meus colegas do trabalho e meus amigos”, conta. “É uma oportunidade para compartilhar com eles o que eu conheço e falar sobre prevenção.”

A ONU e o combate ao HIV

A história de Welber faz parte de uma série sobre os vínculos entre a epidemia de HIV e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Conheça a série clicando aqui. Entre as metas acordadas pelos Estados-membros da ONU, está a erradicação da epidemia como ameaça de saúde pública até 2030.

A ampliação do tratamento de HIV nos países de baixa e média renda nos últimos 15 a 20 anos é uma das maiores histórias de sucesso da saúde global. Na África Subsaariana, ao final de 2002, apenas 52 mil pessoas estavam sob tratamento. Com o aumento na produção e no uso total das flexibilizações de patentes, o número de indivíduos em terapia cresceu para 12,1 milhões em 2016.

No Brasil, quando o governo concedeu acesso universal aos medicamentos antirretrovirais em 1996, o curso da epidemia a nível nacional mudou, e as taxas de sobrevivência aumentaram notavelmente. Previsões sobre as mortes relacionadas à AIDS em larga escala nunca se concretizaram. O Sistema Único de Saúde (SUS) continua a demonstrar liderança na resposta ao HIV, incorporando nos serviços de rotina as tecnologias médicas e científicas mais avançadas para o tratamento do vírus.

A história de Welber nos diz o quanto o ODS de nº 9 — construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação — está associado à ampliação do acesso equitativo aos medicamentos, bem como ao progresso para acabar com a epidemia de AIDS até 2030.

https://nacoesunidas.org/brasil-e-exemplo-de-acesso-universal-a-medicamentos-de-ponta-para-hiv/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+ONUBr+%28ONU+Brasil%29

Coluna do Broad – Estadão

De olho em setor milionário, empresa lança teste de remédio para calvície

Coluna do Broad – 28 Junho 2017

Atenta a um mercado potencial de R$ 140 milhões, a Life Diagnósticos começou a oferecer, no Brasil, testes sobre os efeitos do Finasterida, principal medicamento para o tratamento da calvície. A versão tupiniquim promete ser até 80% mais barata que as opções existentes, que chegam a custar mais de R$ 5 mil. A importância do teste é que, em alguns pacientes, o medicamento traz efeitos secundários, como a impotência sexual.

Para de cair? Mais de 249 mil pacientes usam o medicamento regularmente no Brasil, segundo o instituto IMS Health. Porém, menos de 5% fizeram o teste antes de adotá-lo. Embora estabilize a queda dos cabelos na maioria dos pacientes, variações em alguns genes podem impedir uma resposta mais eficaz.

Teste Genético

Teste genético que avalia eficácia do principal medicamento indicado para calvície passa a ser realizado no país

Teste é a melhor solução para verificar os riscos e os benefícios do medicamento

A Life Diagnósticos passará a realizar no país o primeiro teste genético que avaliará individualmente os efeitos da Finasterida, principal medicamento indicado para o tratamento da calvície. Importadas, as opções hoje disponíveis no mercado são inacessíveis para grande maioria dos pacientes por conta do alto custo que, em alguns casos, podem ultrapassar os R$ 5 mil.

De acordo com o presidente da Life, o médico Mario Grieco, os testes da Life Diagnósticos, o DNA Hair, custarão, em média, 80% mais barato que os importados. “Queremos viabilizar o teste da Finasterida, pois muita gente que hoje toma o medicamento acaba se frustrando por não ter os resultados esperados e apenas efeitos adversos, bem como os gastos com a medicação”, explica.

As principais causas da calvície são a hereditariedade e a ação dos hormônios masculinos no organismo. Por produzirem mais esses hormônios, os homens são mais suscetíveis à perda de cabelo. A terapia com Finasterida estabiliza a queda em 85% dos pacientes e pode fortalecer e fazer voltar a crescer o cabelo perdido em 66% dos pacientes.

A Finasterida funciona bloqueando a produção do andrógeno dihidrotestosterona (DHT), derivado da testosterona. Esse hormônio é responsável pela queda de cabelo na alopécia androgenética (AAG) ou calvície de padrão masculino.

No entanto, pesquisas mostram que variações em alguns genes podem impedir uma resposta eficaz à Finasterida, fazendo com que os efeitos adversos da substância ganhem maior relevância no tratamento e também na decisão dos pacientes de fazer uso dessa terapia. De acordo com dados do IMS Heatlh, mais de 249 mil pacientes utilizam o medicamento regularmente no Brasil.

O teste DNA Hair determina se o paciente não responde ao tratamento ou se terá uma resposta positiva, com interrupção na queda e crescimento do cabelo perdido.

 

Sobre o Life Grupo  

Fundado em 2013 por Mario Grieco, o Grupo tem um modelo de negócio inovador ao atuar em diversos segmentos oferecendo um portfólio extenso de produtos e serviços voltados para a área da saúde. Esse modelo é fruto do espírito empreendedor e da experiência de seu fundador, que atuou por mais de 30 anos na indústria farmacêutica, liderando equipes e empresas de grande porte. O Life Grupo já recebeu mais de R$ 30 milhões em investimentos desde a sua fundação, alcançou o break-even-point e tem mostrado expressivos índices de crescimento nas receitas, que devem subir em torno de 30% este ano. Em 2016, cresceram 20%.

O Grupo é formado por unidades de negócios e duas empresas. São unidades a Life Diagnósticos, divisão especializada em Medicina Personalizada que abriga um laboratório de testes genéticos e farmacogenéticos, além de fornecer produtos e serviços de alta tecnologia para prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças; a Life Farmacêutica, especializada em desenvolvimento, lançamento e promoção de medicamentos; a Life Publicidade, especializada no desenvolvimento de campanhas publicitárias para o setor de saúde; a Life Distribuidora, especializada na promoção e vendas de produtos farmacêuticos; e a clínica de reprodução humana Chedid Grieco, que possui um avançado laboratório genético.

As empresas que completam o Grupo são a Vida, especializada na importação e distribuição de cosméticos, e a Saúde, especializada na importação e distribuição de máquinas e equipamentos médico-hospitalares. O Life Grupo também mantém uma filial em Miami (EUA) para apoiar as atividades da empresa no Brasil.

 

 

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