Posts

Técnicas de vendas

Vamos falar um pouco sobre vendas na prática. Como em qualquer atividade, a visita de Vendas é de extrema importância, assim como o diálogo do vendedor com o cliente, utilizando técnicas apropriadas. Tudo tem que ser muito bem planejado, caso contrário a execução do processo será desastrosa.

O planejamento de Vendas consiste em pré-visita, visita e análise pós-visita.

É no planejamento que praticamente se garante o sucesso da visita. Um planejamento bem feito é quase uma venda garantida. Noventa por cento de todas as visitas são ganhas ou perdidas antes que o vendedor se encontre com o cliente. Normalmente, são necessárias três horas de preparação para uma visita de 15 minutos. Portanto, o tempo investido no planejamento é um tempo valioso e extremamente importante.

É no planejamento pré-visita que buscamos colher todas as informações que nos possam ser úteis durante o processo de venda. Ao obter essas informações, você estará individualizando a sua visita e tornando-a mais produtiva e diferenciada. Muitas vezes, uma ligação para a secretária pode ajudá-lo a obter informações valiosas sobre o cliente, o que facilitará o trabalho.

Um bom planejamento é aquele que torna a visita mais objetiva, requerendo menos tempo, pois o trabalho de casa já foi feito. No planejamento pré-visita, portanto, devemos revisar as informações pertinentes ao mercado, as anotações das visitas anteriores, rever o objetivo principal da visita, escolher o material promocional adequado e estar preparado para o fechamento – ou seja, a venda efetiva do produto. O processo de venda é dinâmico, variável e, muitas vezes, subjetivo. É no fechamento que se concretiza a venda e quando se tem a certeza de que foi realizada

  1. O planejamento pré-visita deve incluir:
  • Objetivos da visita – Identificar o que deve ser obtido durante a visita. Os objetivos devem ser realistas, alcançáveis e mensuráveis, de forma que o vendedor saiba se foi bem-sucedido ou não. Devem trazer benefícios à empresa e ao cliente. Pelo menos um dos objetivos deve exigir do cliente uma ação específica como forma de fidelizá-lo.
  • Perguntas a serem feitas – Faça sempre perguntas importantes, que estejam relacionadas com os objetivos de Vendas e sejam preparadas com antecedência. Se tiver que perguntar “Aproveitou bem o final de semana?” ou “Tudo bem com a família?”, para quebrar o gelo, não há problema algum, mas, a partir daí, deve-se seguir um principio simples:  nunca fazer o cliente perder tempo. O objetivo da visita é negócio.
  • Alguma coisa a ser mostrada – Se tiver que fazer alguma demonstração, assegure-se de estar bem preparado para evitar acidentes. Demonstrações ajudam a comprovar o que está sendo dito, ou seja, é a teoria em prática.
  • Antecipar prováveis objeções – Esta é a melhor forma de mostrar competência e conhecimento. Antecipar objeções significa ter a resposta na ponta da língua e a certeza de que o que você está falando é absolutamente correto.
  • Diferenças em relação ao concorrente – O conhecimento das características e benefícios dos concorrentes ajuda, e muito, na venda. Comparar o seu produto com os dos concorrentes e citar as vantagens é fundamental. Porém, é o tipo de informação que não pode ser voluntariosa, porque você não quer promover o produto do concorrente.
  • Retorno do investimento para o cliente – Assim como a empresa quer saber o retorno do investimento da sua visita, o seu cliente, de uma forma ou outra, também quer. Ninguém gosta de perder tempo com bate-papo que não leva a nada. Coloque-se na posição do cliente e pense na vantagem de receber um vendedor.
  • Estratégia para lidar com as objeções e eliminar dúvidas – Uma boa visita de Vendas é aquela que, ao sair, você se sente confortável, pois todas as objeções foram bem respondidas e todas as dúvidas eliminadas. O bom vendedor antecipa as prováveis objeções que o cliente possa ter, prepara as respostas com antecedências e, quando responde, é sempre com muita firmeza e segurança. Se quiser impressionar positivamente o seu cliente, saiba bem as respostas para eventuais perguntas que ele possa fazer.
  • Fechamento da venda – Esta, sem dúvida, é a parte mais importante do processo de Vendas. De nada adianta um plano bem preparado, uma excelente visita, se, no final, você não conseguiu fechar a venda!

 

  1. Visita de Vendas                                                                                                                                                                                         A visita de Vendas pode ser dividida em: abertura, identificação das necessidades, apresentação das características e benefícios do produto ou serviço, feedback  e fechamento da visita.
  • A abertura da visita, ou captação da atenção, tem por objetivo despertar o interesse do cliente na apresentação, e fazer com que ele dedique tempo se envolvendo no diálogo. É a interação balanceada entre o cliente e o vendedor. Normalmente, se inicia com um quebra-gelo, com assuntos não relacionados diretamente ao negócio, para deixar o cliente à vontade, mais receptivo à visita de Vendas. Depois disso, é preciso ser objetivo e se concentrar no principal: a venda propriamente dita.
  • O próximo passo é identificar as necessidades do cliente, fazendo perguntas abertas, que lhe permitam falar livremente e pelo maior tempo possível. É hora de escutar com muita atenção. Aqui, o cliente fala e o vendedor escuta! As perguntas devem ser objetivas, curtas e, claro, não podem ser óbvias. O objetivo é procurar entender bem as necessidades do cliente, seus valores, preocupações e desafios. Esteja sempre atento às reações verbais e não verbais do cliente. Perguntar: “Como assim? Por que isso? Quando mencionei tal coisa, o senhor me pareceu preocupado/interessado…”. Procure também sempre tomar notas. Isso demonstra que você tem interesse pelo que o cliente tem a dizer. Além disso, anotar faz com que você mantenha o controle da situação e melhore as suas habilidades analíticas. Quando você anota, utiliza três sentidos: o tato (sua mão escrevendo), audição (escutar o cliente) e visão (ver as reações e o que está escrevendo). Na minha experiência, quando abordo um problema utilizando os três sentidos, normalmente encontro a solução com maior facilidade.
  • Uma vez identificadas as necessidades do cliente, aí sim é hora de apresentar as características e benefícios do seu produto. Neste momento, o vendedor fala mais que o cliente. Apresenta o material promocional de acordo com a necessidade do cliente e da estratégia de Marketing. Características e benefícios do produto devem ser apresentados sempre com a concordância do cliente, sempre perguntando: “Faz sentido? O senhor concorda?”. Todas as objeções devem ser contornadas. Lembre-se de que as características convencem, mas são os benefícios que realmente vendem!
  • Antes de partir para o fechamento, procure saber qual é o feedback do cliente sobre a sua visita, perguntando a si mesmo: “Todos os assuntos prioritários foram satisfeitos? O cliente demonstra sinais verbais ou não verbais de aceitação?”. Usando a intuição, você será capaz de descobrir se o cliente está satisfeito e convencido com a sua apresentação.
  • O fechamento é a parte mais importante do processo de Vendas, pois é a conclusão, o encerramento. Resuma os benefícios acordados e solicite o compromisso do cliente em comprar. É importante ressaltar que o fechamento pode ocorrer em qualquer momento do processo de Vendas. Muitas vezes, o cliente já está convencido e pronto para comprar o produto.  Se, após 30 segundos de conversa, o cliente estiver disposto a comprar, pare imediatamente e feche a venda. Nunca tenha medo de fechar a venda. Daí a importância de estar sempre atento, observando a linguagem corporal do cliente, o tom de voz e qualquer outro sinal que sinalize que ele está pronto para comprar. Muitos vendedores se prolongam na visita e, por não estarem atentos aos sinais do cliente, demoram a fechar – o que, muitas vezes, faz com que percam a negociação.  O processo de Vendas só se encerra quando o cliente concordar em comprar o produto. Só assim você poderá dizer que o processo foi um sucesso.

3– Análise pós-visita

Ao término da visita, é prioridade anotar tudo de importante que o cliente relatou. Como follow-up, procure responder as seguintes perguntas:

  • Os objetivos da visita foram alcançados?
  • As objeções levantadas pelo cliente foram respondidas adequadamente?
  • Quais objeções devem ser respondidas na próxima visita?
  • Que benefícios importantes foram apresentados e como o cliente reagiu?
  • Quais foram as novas informações obtidas?

Uma vez respondidas todas as perguntas da análise pós-visita, anote tudo para utilizar as informações no planejamento da próxima interlocução. Portanto, para revisarmos, os seis passos principais do processo de Vendas são:

1-    Planejamento pré-visita

2-    Abertura

3-    Identificar necessidades

4-    Apresentação das características e benefícios

5-    Fechamento

6-    Análise pós-visita

Tipos de personalidades

A atividade de Vendas está intrinsecamente ligada ao relacionamento humano, ou seja, às pessoas, como elas se comportam e como se relacionam. Talvez, mais difícil do que conhecer bem outras pessoas seja conhecer a si mesmo. Um dos maiores obstáculos nos relacionamentos humanos é que, normalmente, procura-se entender os outros, quando, no fundo, primeiro devemos nos entender e saber como somos.

Robert Woodruff, o homem que presidiu a Coca-Cola por décadas e a transformou em um império, disse: “O vendedor precisa conhecer e estudar a si próprio. Sua personalidade precisa ser autêntica. Não pode ser ardilosa ou superficial”.

Antes mesmo de fazer uma visita pela primeira vez, é sempre recomendável procurar conhecer a  personalidade do cliente. O objetivo é identificar seus interesses de negócios, suas necessidades e também conhecer muito bem seu jeito de agir e pensar. Muitas vezes, uma visita prévia para conversar com a secretária ou assistente pode ajudar em muito no preparo da primeira visita formal. Saber mais sobre o cliente, seus hábitos, seus hobbies, seu estilo de vida, enfim, toda e qualquer informação que possa ser utilizada no processo de Vendas é de importância fundamental para que a primeira impressão seja positiva. Além disso, será de extrema valia na escolha das ferramentas e dos métodos de negociação mais adequados para cada cliente. Todo cliente é diferente, único, e é desta forma que tem que ser tratado.

Identificar a personalidade do cliente é fundamental para saber lidar com ele. Não existe uma personalidade que seja exatamente semelhante à outra. De modo geral, existe um tipo de personalidade predominante, com o qual identificamos as pessoas, mas os outros tipos podem estar presentes em menor ou maior intensidade. Problemas de relacionamento ocorrem quando não sabemos identificar o tipo de personalidade do cliente; pior ainda quando não conhecemos o nosso próprio tipo de personalidade.

Podemos dividir os clientes em quatro tipos de personalidades:

Cliente Analítico

É uma pessoa séria, introspectiva, reservada. Tem a tendência de analisar tudo nos mínimos detalhes. A informação precisa estar fundamentada em dados. Prefere ir direto ao assunto e odeia “jogar conversa fora”. Não gosta de perder tempo, mas demora para tomar uma decisão, porque avalia todos os detalhes. Dificilmente toma decisões por impulso. Quer saber tudo e responde positivamente a uma apresentação mais técnica, embasada em artigos e pesquisas científicas. Tudo que lhe possa dar mais segurança, confiança e credibilidade facilitará a sua tomada de decisão. Tende a controlar as emoções e se restringe ao relacionamento profissional. As perguntas que caracterizam o cliente analítico são: Como?… Como pode este produto suprir as minhas necessidades? Como funciona?

Cliente Controlador

Seu foco é no negócio. São pouco amigáveis, muitas vezes frios e extremamente racionais. Utilizam predominantemente o lado esquerdo do cérebro, que é o lado racional. Dificilmente aceitarão um convite para almoçar ou jantar, pois não estão interessados em se relacionar e desenvolver amizade com o vendedor. Querem que você faça logo o seu trabalho. Tomam decisões rapidamente com base nos fatos. Gostam de resumos escritos dos pontos-chave. Consideram perda de tempo as conversas fiadas e as pessoas que tentam criar relacionamentos pessoais. As perguntas que caracterizam o cliente controlador são: Quais?… Quais são as opiniões? Quais são as probabilidades? Quais são os resultados?

Cliente Expressivo

É um bom comunicador, gosta de falar, faz perguntas e solicita bastante. Toma decisões com cautela. Fala pausadamente, com ritmo. Antes de tomar a decisão, procura entender bem o processo. Dá ênfase a testemunhos e avaliações dos experts. Gosta de dominar a conversa e se impacienta com discussões longas e detalhadas. As perguntas que caracterizam o cliente expressivo são: Quem?… Quem é você? Quem você conhece? Quem usa seus produtos ou serviços?

Cliente Amigável

Fala sobre a família, amigos e dá informações pessoais. Gosta de receber informações verbalmente, face a face. Não gosta de discutir, quase sempre acata. Utiliza predominantemente o lado direito do cérebro, que é o lado emocional. Não gosta de ser pressionado a tomar decisões rápidas. Tende a mostrar as emoções. Orientado para o relacionamento pessoal, adora lidar com gente.  Gosta de jogar conversa fora e considera o relacionamento como algo importante. Na maioria das vezes, toma decisão com base no relacionamento com o vendedor. As perguntas que caracterizam o cliente amigável são: Por quê?… Por que seu produto é melhor? Por que deveria fazer agora? Por que devo trocar de produto?

Uma vez conhecendo bem o tipo de personalidade do cliente, resta agora saber como lidar e cativar os diferentes tipos de personalidade. Acompanhe algumas dicas a seguir:

Lidando com o Cliente Analítico                             

O vendedor tem que ser lógico e detalhista em suas apresentações. Deve sempre fornecer informações, dados e comprovar tudo que estiver falando. Tem que ser preciso e tecnicamente correto. Deve conhecer bem o que estiver falando e evitar opiniões pessoais, gestos dramáticos ou emocionais. A visita de Vendas tem que ser preparada com atenção e cuidado, pois é muito fácil perder a credibilidade com esse tipo de cliente. Vendedores que são percebidos como competentes e educados conquistam os analíticos com mais facilidade.

Lidando com o Cliente Controlador

O vendedor tem que ser profissional e negociador. Os comentários precisam ser breves, diretos e rápidos. Deve-se ir logo ao ponto principal, resumindo informações da melhor forma possível. Mostrar os resultados de uma forma sucinta, mas sempre com respaldo científico. Deixar que o cliente sinta-se no comando da conversa.

Lidando com o Cliente Expressivo

O vendedor tem que socializar, usar conversa fiada e sempre iniciar com um quebra-gelo. Não entrar em detalhes. Prefira dar uma visão geral e do futuro. Utilize-se de apresentações dramáticas, emocionais e com bom humor, mas que não sejam longas ou detalhadas demais. Conte uma boa piada e dê tempo para o cliente expressar suas opiniões e sentimentos.

Lidando com o Cliente Amigável

O vendedor tem que iniciar com um quebra-gelo, falar sobre a família e amigos. A conversa tem que ser cândida, relaxada, sempre com detalhes e abordando assuntos pessoais. Nunca confronte ou pressione. Tente estabelecer confiança e, assim, o cliente será mais receptivo a sugestões e recomendações.

Com essas avaliações, fica muito mais fácil adaptar-se aos problemas que podem advir das diferenças de personalidades entre o vendedor e o cliente.

Imagine um vendedor amigável, alegre e extrovertido visitando um cliente analítico, reservado e introspectivo. A tentativa de um abraço será imediatamente rejeitada. O analítico não permite que invadam o seu espaço físico, mantendo sempre distância, muitas vezes de mais de um metro. A pergunta do vendedor sobre a família fica sem resposta e, em contrapartida, o cliente quer tratar apenas do negócio. E, para tomar a decisão, vai logo pedindo dados de que, infelizmente, o vendedor não dispõe, pois acreditou que bastaria ser amigável para conseguir tirar o pedido.

Para um vendedor com personalidade oposta à do cliente e desconhecedor da importância de se conhecer a personalidade da pessoa com quem estiver lidando, este relacionamento estará fadado ao insucesso.

Muito importante salientar que não é o cliente que tem que se adaptar ao tipo de personalidade  do vendedor, mas, sim, o contrário. Um bom vendedor sabe que é importante se adaptar ao tipo do cliente e vai fazer o possível para espelhá-lo, ou seja, imitá-lo. Se o cliente não gosta de abraço, não vai abraçá-lo. Se ele não gosta de muita aproximação, vai manter distância. Enfim, vai tentar “imitar” o cliente, para evitar a rejeição e se identificar o máximo possível com ele. Se isto não for feito, a venda será um desastre, ou, pior:  não ocorrerá.

Lembro que, trabalhando no campo com um representante de Vendas, notei que, toda vez que ele se aproximava muito de um cliente, este se afastava. Quando lhe chamei a atenção para isso, ele imediatamente concordou, explicando que desejava muito convencer o cliente, daí a razão de se aproximar tanto dele, invadindo o seu espaço. Apesar da boa intenção, o resultado vinha sendo negativo, pois, inconscientemente, criava uma rejeição na cabeça do cliente.

Volto a dizer: conhecer o tipo de personalidade do cliente é fator-chave para o sucesso em Vendas!

O profissional de vendas

Muito já se falou sobre o poder da negociação para se obter êxito em Vendas. Existem, provavelmente, centenas de livros que tratam deste assunto e tantos outros sobre técnicas específicas. Li muitos deles e vivenciei várias situações na prática. Com base nisso, o meu conselho sempre tem sido o seguinte: um bom profissional de Vendas é um eterno aprendiz, está sempre disposto a aprender mais, treinar mais. É assim que ele sempre vai vender mais.

Em uma determinada empresa, existia um vendedor que, apesar da idade avançada, era o que mais vendia. Sempre ganhava todos os prêmios e viagens de incentivo. Seu bônus era sempre o maior de todos. Todos à sua volta o respeitavam e o admiravam muito por isso. Um jovem vendedor, recém-admitido, não se conformava como o colega conseguia superar todas as metas com tanta facilidade. “Mais estranho é que ele não trabalha nem a metade do tempo que eu trabalho. Eu trabalho muito mais e vendo muito menos, menos que a metade!”, reclamava o jovem vendedor. “Como isto é possível?”, questionava-se a todo momento, querendo entender o que estava fazendo de errado. Sem conseguir esconder a frustração, um dia resolveu perguntar ao vendedor mais velho o que ele fazia para obter tamanho sucesso. E recebeu uma resposta simples: “Trabalho muito, mas inteligentemente. Todo dia, eu dedico 30% do meu tempo para treinar, aperfeiçoar meus conhecimentos e planejar bem a visita aos meus clientes!”.

Esta história ilustra bem que, para ter sucesso, não basta apenas trabalhar – é preciso se organizar, planejar e treinar diariamente. As técnicas são importantes e devem ser utilizadas em todo e qualquer processo de Vendas. Conhecer as técnicas e não utilizá-las é um desperdício. É o mesmo que ter dinheiro no banco e não usar.

De nada adianta trabalhar como um louco, visitar clientes desesperadamente, se você não estiver bem treinado e não conhecer profundamente as técnicas de Vendas, que, muitas vezes, são específicas a um determinado negócio da empresa. Credibilidade é um fator decisivo. Daí a importância de se estar sempre bem preparado. Muitas vezes, uma simples palavra ou um comentário inapropriado pode comprometer tudo que se construiu durante muitos anos.

Outro ponto importante é a utilização de material de apoio que, sem dúvida, ajuda muito na apresentação do produto ou serviço. Quem já vivenciou a experiência de ter que apresentar um produto ou serviço sem apoio de material visual sabe que não demora muito para perdermos a sintonia, o poder de argumentação e o controle da venda. Mesmo que a sua empresa não disponha de material promocional, cabe a você desenvolver algo que facilite a sua apresentação e o ajude a não esquecer os pontos-chaves – material esse que deve ser desenvolvido de acordo com as técnicas de Vendas e compliance da empresa.

É também muito importante considerar a forma com que se apresenta um produto. Mesmo que a mensagem seja séria, não significa, necessariamente, que deva ser transmitida de maneira rígida ou formal. Acrescentar uma pitada de humor sempre ajuda a relaxar e conquistar o cliente. Toda vez que o cliente responder ou demonstrar interesse, a apresentação se tornará mais dinâmica e interativa. Portanto, criar um diálogo é a melhor forma de engajar o cliente. Todo produto possui o potencial de ser apresentado de forma diferenciada. Uma apresentação dinâmica e interativa atrai a atenção, o interesse e, além disso, diminui as objeções do cliente. As demonstrações dão mais vida à apresentação de Vendas e respaldam o produto, gerando uma melhor aceitação por parte do cliente.

Certa vez, um representante de uma indústria farmacêutica não conseguia convencer o médico a receitar o seu produto. Explicava as vantagens e benefícios do seu produto versus o do concorrente e, nada! Quase desistindo de visitar esse médico, teve a ideia de fazer uma apresentação, para provar que o seu produto se dissolvia mais rapidamente do que o do concorrente, proporcionando uma absorção mais rápida e a redução da dor em poucos minutos. Levou dois tubos de ensaio com água e colocou o seu comprimido em um deles e o do concorrente no outro. Como era de se esperar, o seu comprimido se dissolveu totalmente, enquanto o do concorrente continuava quase intacto. Foi mais do que suficiente para convencer o médico. Comprovou que criatividade é fundamental para se diferenciar da concorrência. Mesmice é sinônimo de fracasso.

Em linhas gerais, podemos dizer que o representante estará mais perto de atingir seu objetivo sempre que conseguir manter a atenção e o interesse do cliente. Por isso, quanto mais dinâmica for a apresentação, maior será a chance de se obter êxito na negociação e até conseguir mais tempo para apresentar outros produtos.

Minha dica aqui é: conheça bem as técnicas de Vendas. Estude-as, pratique-as sempre que puder. O tempo que alguém leva para aprender a promover o produto será bem recompensado com o aumento da confiança e segurança durante a apresentação.

Todos os gráficos, vídeos, folhetos e brindes disponíveis devem ser utilizados com criatividade  e com um toque pessoal, respeitando sempre as características técnicas do produto, sem distorções, para não levar a interpretações indevidas ou errôneas. Voz, personalidade, traje, pontualidade, entusiasmo, confiança e comprometimento são extremamente importantes para o domínio total da apresentação. A experiência mostra que estes fatores influenciam positivamente na imagem do vendedor e da empresa, assim como no envolvimento do cliente.

E, se o assunto é envolver o cliente, o diálogo é essencial, pois permite saber se o cliente irá mudar ou não de percepção, se os benefícios do que está sendo vendido sobrepujam as suas preocupações. Procure também se colocar no lugar do cliente: “quais são os comportamentos do vendedor que o incentivaria a comprar e quais os que o faria desistir?”. Se você responder essas perguntas sob o ponto de vista do cliente, saberá qual é a melhor forma de lidar com ele!

Pesquisa realizada no Japão com mais de 1.200 vendedores de sucesso comprovou que ganhar a confiança dos clientes era a principal razão do sucesso para mais de 80% deles. Mas, não se engane: desenvolver um bom relacionamento é demorado. Leva tempo para conquistar a confiança e o respeito do cliente. Confiança se estabelece à medida que se demonstra  dedicação para satisfazer as necessidades do cliente, procurando ajudá-lo sempre que necessário. Descobrir afinidades com o cliente, como hobbies, atividades sociais e esportivas, ajuda a criar um relacionamento pessoal que une o útil ao agradável.

Não existe nada melhor que transformar clientes em amigos sempre que possível. O processo de Vendas, contudo, sempre gera tensão, que pode ser positiva ou negativa. Tensão positiva é aquela em que o relacionamento é produtivo, compensador, empolgante, alegre e motivante. O cliente fala abertamente, olhando nos olhos, fornecendo informações.

Já tensão negativa é o oposto, é aquela que gera estresse, pressa, desconforto e ansiedade. O cliente reluta em falar, tende a se afastar e não fornece informações. Evita um contato mais próximo, desvia o olhar e mantém os braços cruzados. Neste tipo de situação, de nada adianta continuar com a apresentação de Vendas. Procure descobrir o que está causando a tensão negativa e procure resolvê-la o mais rápido possível. Muitas vezes, o cliente está chateado por algo que pediu e você se esqueceu. Pode também ser um problema familiar ou por estar atrasado para uma reunião importante. Persistir na apresentação só vai prejudicar o relacionamento. Assim, use o bom senso, que é fundamental.

Quando me perguntam o que é mais importante no processo de Vendas, respondo sem hesitar:  escutar, escutar e escutar. É incrível como a maioria dos vendedores não se preocupa em escutar. Estão muito mais interessados em falar, em convencer o cliente, sem escutar primeiro e entender as suas necessidades. O cliente sente-se prestigiado quando o vendedor ouve com real interesse o que ele tem a dizer. Como regra, o cliente tem que falar mais do que o vendedor. Se você conseguir isso, já tem meio caminho andado para concretizar a venda. Portanto, se eu pudesse resumir, eu diria que um bom profissional de Vendas…

1-    É organizado.

2-    Utiliza técnicas de Vendas.

3-    Tem um plano específico para cada cliente.

4-    Escuta, pergunta e anota.

5-    É simpático, otimista e positivo.

6-    Encoraja e espera por objeções.

7-    Sempre avalia o retorno do investimento.

8-    É assertivo, faz com que o cliente se comprometa a comprar o seu produto.

9-    É persistente.

10-  Tem objetivos definidos.

11-   Tem senso de humor.

12-  Visita quem compra.

13-  Lidera.

14-  É honesto.

15-  Não usa desculpas!

Paixão

Cada vez  mais, quando observo as pessoas bem-sucedidas e que realmente são excelentes naquilo que fazem, noto que elas têm carreiras profissionais prósperas e, também, uma vida familiar feliz, além de bons laços com a comunidade. São pessoas que estão bem consigo mesmas e são apaixonadas pelo que fazem. Se alguém está bem, feliz e tem paixão pelo que faz, tudo isso vai refletir positivamente em seus relacionamentos.

Costumo andar no parque perto de casa e cruzo com uma infinidade de pessoas. Uma tarde, uma senhora me disse com entusiasmo: “Bom dia!” Eu, imediatamente, respondi: “Bom dia!” Mas, se já era de tarde, por que não respondi: “Boa tarde”? Porque respondi quase que automaticamente ao cumprimento, sem pensar, numa reação de resposta à gentileza dela. E isso acontece porque, no geral, as pessoas tendem a responder da mesma forma como são tratadas. Se tratadas com carinho e atenção, respondem com carinho e atenção. Se tratadas com ódio, respondem com ódio.

Paixão é entusiasmo em alta escala, é um sentimento abrangente e avassalador, que faz com que as pessoas se entreguem totalmente e nunca desistam do que estão fazendo. A melhor forma de ser entusiasmado é agir entusiasticamente. Poucos se dão conta, entretanto, que demonstrar entusiasmo não significa abraçar forte e demoradamente o cliente, tampouco apertar intensamente sua mão, elogiar excessivamente sua aparência. Existe uma grande diferença entre entusiasmo e pânico disfarçado. Entusiasmo cria pontes de relacionamento, ao passo que pânico as destrói.

Os clientes percebem quais são os vendedores entusiasmados, apaixonados pelo que fazem, e respondem da mesma forma. Você não precisa se esforçar para demonstrar entusiasmo. Aja naturalmente, olhe nos olhos, dê um aperto de mão firme. Não exagere e seja você mesmo.  Agindo assim, o cliente ficará mais relaxado e mais aberto à abordagem. Daí, é só usar o seu entusiamo para alavancar sua apresentação de Vendas.

Acredito piamente que ter paixão pelo que se faz leva você a se dedicar de corpo e alma ao alcance de suas metas. É a paixão que lhe dá forças, poderes e persistência para superar todas as adversidades e nunca desistir.

Paixão é, portanto, a barreira que impede a disseminação do desânimo, mesmo diante das maiores dificuldades. Se você trabalhar com paixão, não importa o que faça, vai sempre fazer bem, com dedicação, alegria e felicidade. Os versos de Fernando Pessoa exemplificam este estado de maneira poética:

“Para ser grande, sê inteiro: nada

teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Sê quanto és

no mínimo que fazes.

Assim, em cada lago, a lua toda

brilha, porque alta vive.”

Ter paixão significa estar de bem com a vida de uma forma geral. Quando estamos apaixonados, tudo são flores. O trabalho passa a ser uma diversão, o convívio familiar é uma maravilha, as amizades evoluem de vento em popa, enfim, tudo vai bem. É como se estivéssemos vivendo no paraíso, em uma outra dimensão. O vendedor que tem paixão pelo seu trabalho gosta de lidar com pessoas, de servir e de ajudar. Muitas pessoas se questionam por que não têm sucesso na vida profissional. Na maioria das vezes, a resposta é: porque não gostam do que fazem.

É comum encontramos clientes difíceis de lidar, que demonstram claramente que não estão satisfeitos com o que fazem. Por consequência, a maioria dos vendedores não gosta de lidar com esse tipo de cliente. A solução mais simples e adotada pela maioria dos concorrentes é a de simplesmente deixar de visitá-los. Na minha opinião, este é o cliente mais fácil de conquistar. Primeiro, porque a concorrência já desistiu dele; segundo, porque, além de conquistá-lo, você poderá ajudá-lo – e isso será recompensado em dobro. Neste tipo de situação, existe uma oportunidade, não um problema.

O vendedor apaixonado não desiste e é parte da solução, não do problema.

Lembro de uma situação em que, ao passar pelo pedágio, tive uma surpresa: o motorista à frente tinha pago pelo meu veículo. Pensei: “Como isso é possível? Será que era um amigo? Será que me confundiu com alguém?” Nunca descobri quem era, nem o motivo daquela atitude. Até que, um dia, passando pelo mesmo pedágio, lembrei do episódio e decidi fazer o mesmo: paguei para o motorista do carro de trás. Ainda lembro do meu sorriso e alegria ao sair do pedágio. Que reação teria tido a pessoa do carro de trás? Será que sentiu o mesmo que eu senti tempos atrás? A verdade é que me senti amplamente regozijado. E só então entendi o prazer de fazer as coisas por bondade, de forma espontânea e aleatória. Percebi que, no fim, é muito mais feliz quem ajuda do que aquele que é ajudado.

Quando você acredita que o amor está no seu coração, que é bom ajudar o próximo, que a sua vida é uma bênção e que tudo pode ser alcançado, então o que era difícil torna-se fácil. As pessoas são atraídas por pessoas positivas, compreensivas, alegres, solidárias e apaixonadas. A compreensão da personalidade e do caráter de uma pessoa pode fornecer uma ideia bastante clara do que é importante para ela e o que a motiva.

Trazendo isso de volta à realidade das Vendas, percebemos que se o vendedor respeitar seus clientes, estes responderão da mesma forma e propiciarão uma relação honesta e de confiança – verdadeiros alicerces da credibilidade.

Muitos vendedores foram treinados para parecer confiáveis. Mas este não é o ponto. Não basta apenas parecer, tem que ser! Você tem que conquistar a reputação de cumprir tudo o que promete. Por exemplo, se você se comprometeu a encontrar o seu cliente às 9 horas da manhã, esteja lá às 9 horas da manhã. Se você pensa que estes pequenos detalhes não afetam a sua credibilidade, tenho que discordar. Paixão pelo que se faz significa prestar atenção nos detalhes.

Já falamos sobre isso:  relacionamentos são construídos à base de confiança, e confiança é construída com evidências de todo o tipo. Isto nada tem a ver com subserviência. Você tem que demonstrar que presta atenção em detalhes e criar o hábito de entregar sempre o que prometeu. Simples assim.

Paixão pressupõe respeito e respeito permite considerar os sentimentos, os interesses e as preocupações dos outros. Significa nos colocarmos no lugar da pessoa, com as emoções dela e não com as nossas. E isso gera empatia.

O representante de Vendas bem-sucedido demonstra maturidade aceitando críticas, sofrendo rejeições e transformando essas experiências em oportunidades de melhoria e crescimento. Para conseguir a empatia, é necessário prestar atenção no que a pessoa diz, acompanhando o seu tom de voz e a sua expressão corporal, buscando descobrir o que ela está sentindo. Além disso, à medida que supera esses obstáculos e cumpre suas promessas, você conquista o seu cliente.

Deus nos deu dois ouvidos e uma boca, para mais escutar do que falar. Aprenda, portanto, a escutar. Esta é uma virtude que poucos vendedores conseguem praticar. Ouvindo mais, você abre portas para uma melhor compreensão das reais necessidades e desejos do cliente. É mais importante ser interessado que interessante. Essas qualidades humanas não se traduzem apenas em ganho de poder, mas em sucesso na vida pessoal e profissional.

Vá em frente, apaixone-se!

Dedicação

Neste capítulo, vou aparentemente me desviar um pouco do tema Vendas. Todos nós, um dia ou outro, deixamos o espírito vagar. Exercitamos nosso corpo para mantê-lo tonificado e saudável. Mas o que estamos fazendo por nossa mente e espírito? Nosso ser interior necessita do mesmo tipo de atenção.

Eu também acredito que somos seres espirituais passando por uma experiência material, daí a importância da espiritualidade em nossas vidas. Não estou falando aqui de religiosidade, que, muitas vezes, acaba em fanatismo, com consequências desastrosas. Estou falando em acreditar em algo, seja numa energia ou num ser superior. Assim como o exercício é importante para se manter ativo, também se deve exercitar a mente, o coração e o espírito.

Espiritualidade é adentrar no poder espiritual e num mundo de felicidade.

Está comprovado cientificamente que a adequada prática espiritual contribui decisivamente para a saúde física e mental. Mens sana in corpore sano.

O primeiro passo é assumir um compromisso consigo mesmo. Reserve um tempo para avaliar e pensar: “o que estou fazendo e para onde estou indo?”. Não pense nesse tempo simplesmente como ócio, mas como ócio criativo. O tempo gasto com uma autoavaliação pode nos ajudar a ser mais eficientes profissionalmente, influindo beneficamente em nossas metas e atividades. Algumas vezes, um período de honesta introspecção proporciona um intervalo restaurador. Outras vezes, entretanto, necessitamos de uma mudança drástica de ritmo e de trabalho. Novas experiências e interesses adicionam riqueza e profundidade a nossa vida. E não precisamos aguardar a aposentadoria para ir ao encalço dos nossos sonhos.

Um representante de Vendas interessou-se por pesca, tomando como inspiração um livro deixado numa cadeira vazia. Sua curiosidade logo se transformou em fascínio. Agora ele passa as férias pescando. Tanto suas Vendas quanto seus ganhos aumentaram substancialmente. Seu novo interesse adicionou frescor e alegria a sua aparência, traduzindo-se em mais eficiência. Outro realizou o sonho de tocar violão.  O resultado foi o mesmo.

Viajar é outra forma de se recompor e relaxar. Durante as férias, não pense no trabalho. Dedique-se a desfrutar ambientes diferentes e novas experiências. Planeje a viagem com antecedência. Deste modo, você poderá já se divertir com a expectativa e o planejamento da viagem. Enquanto estiver longe, tire fotos, escreva um diário, desenvolva um novo hobby ou faça novos amigos. Tente adicionar uma dimensão que lhe permitirá saborear novamente a experiência quando estiver de volta ao trabalho.

Algumas vezes, não precisamos ir a lugar algum. A leitura sempre foi minha forma favorita de relaxar. Sou capaz de viajar, explorar novas culturas, fugir para o mundo fascinante da ficção e do mistério sentado em minha poltrona.

Aprenda algo novo! Experimente romances, biografias e o mundo da poesia. Você ficará fascinado com o quanto uma boa leitura pode afetar o seu desenvolvimento pessoal e a sua personalidade, sem mencionar as suas Vendas. Sim, pode acreditar! Você não somente estará se protegendo contra o estresse e as tensões diárias, mas, também, terá o conhecimento que o capacitará a melhorar o seu relacionamento com as outras pessoas.

Muitas das nossas necessidades pessoais podem ser satisfeitas dentro de nossa própria família. Seus membros são, quase sempre, nossos defensores mais leais. Uma conversa profunda com alguém que se importa conosco é uma das formas mais eficientes de nos livrarmos de algumas frustrações ou dificuldades depois de um dia atribulado de trabalho. Sem duvida, é como uma terapia.

Um dia inteiro com a família pode ser relaxante e agradável. Observar uma criança se esforçando para aprender a jogar futebol ou criando um projeto de Ciências pode nos fazer pensar o que é importante em nossas vidas.

Um provérbio zen-budista ensina a importância das coisas simples em nossa vida: “No início,  carregar água e cortar lenha; depois de atingir o estado de iluminação, cortar lenha e carregar água”.

Muitos sonhos e desejos de infância só podemos realizar na fase adulta.  Quando criança, eu adorava autorama e, depois de adulto, me pego competindo com o meu filho. Além de trazer recordações prazerosas, sinto uma imensa satisfação de poder realizar um sonho de infância. Particularmente, gosto de caminhar. Ao caminhar, muitas ideias vêm à cabeça, como se estivesse meditando. Muitas vezes, as soluções surgem de forma natural e espontânea para os meus problemas e preocupações.

Após um dia estressante, um momento de relaxamento pode ajudar muito. Procure sentar-se confortavelmente e relaxe todos os músculos do corpo. Estando relaxado, dirija o pensamento a lugares em que gostaria de estar, como, por exemplo, uma praia, um recanto que lhe traz boas recordações ou qualquer lugar que seja calmo e tranquilo. Permaneça assim pelo tempo que julgar necessário: dez, quinze, vinte minutos.

Outra forma de relaxar é respirar profundamente, sentindo o ar se dirigir à base do pulmão e expandir o abdome. Retenha o ar por alguns instantes e expire-o todo pela boca ou nariz. Imagine cada inspiração recebendo um ar carregado de paz e tranquilidade. Os iogues sugerem seis segundos para a inspiração, seis para a expiração e três para as retenções dos pulmões cheios ou vazios.

Muitos problemas resolvi caminhando, pois as ideias surgiram pelo simples fato de estar relaxado e divagando ao caminhar. Às vezes, uso a técnica da respiração enquanto caminho. Enfim, não importa o que você decida fazer para relaxar e se recompor, desde que reserve um tempo para pensar no que é bom para você. Assuma um compromisso consigo mesmo e, então, faça com que aconteça! O impacto na sua satisfação pessoal e no seu rendimento profissional será indiscutível!

Ócio criativo

Neste capítulo, vou aparentemente me desviar um pouco do tema Vendas. Todos nós, um dia ou outro, deixamos o espírito vagar. Exercitamos nosso corpo para mantê-lo tonificado e saudável. Mas o que estamos fazendo por nossa mente e espírito? Nosso ser interior necessita do mesmo tipo de atenção.

Eu também acredito que somos seres espirituais passando por uma experiência material, daí a importância da espiritualidade em nossas vidas. Não estou falando aqui de religiosidade, que, muitas vezes, acaba em fanatismo, com consequências desastrosas. Estou falando em acreditar em algo, seja numa energia ou num ser superior. Assim como o exercício é importante para se manter ativo, também se deve exercitar a mente, o coração e o espírito.

Espiritualidade é adentrar no poder espiritual e num mundo de felicidade.

Está comprovado cientificamente que a adequada prática espiritual contribui decisivamente para a saúde física e mental. Mens sana in corpore sano.

O primeiro passo é assumir um compromisso consigo mesmo. Reserve um tempo para avaliar e pensar: “o que estou fazendo e para onde estou indo?”. Não pense nesse tempo simplesmente como ócio, mas como ócio criativo. O tempo gasto com uma autoavaliação pode nos ajudar a ser mais eficientes profissionalmente, influindo beneficamente em nossas metas e atividades. Algumas vezes, um período de honesta introspecção proporciona um intervalo restaurador. Outras vezes, entretanto, necessitamos de uma mudança drástica de ritmo e de trabalho. Novas experiências e interesses adicionam riqueza e profundidade a nossa vida. E não precisamos aguardar a aposentadoria para ir ao encalço dos nossos sonhos.

Um representante de Vendas interessou-se por pesca, tomando como inspiração um livro deixado numa cadeira vazia. Sua curiosidade logo se transformou em fascínio. Agora ele passa as férias pescando. Tanto suas Vendas quanto seus ganhos aumentaram substancialmente. Seu novo interesse adicionou frescor e alegria a sua aparência, traduzindo-se em mais eficiência. Outro realizou o sonho de tocar violão.  O resultado foi o mesmo.

Viajar é outra forma de se recompor e relaxar. Durante as férias, não pense no trabalho. Dedique-se a desfrutar ambientes diferentes e novas experiências. Planeje a viagem com antecedência. Deste modo, você poderá já se divertir com a expectativa e o planejamento da viagem. Enquanto estiver longe, tire fotos, escreva um diário, desenvolva um novo hobby ou faça novos amigos. Tente adicionar uma dimensão que lhe permitirá saborear novamente a experiência quando estiver de volta ao trabalho.

Algumas vezes, não precisamos ir a lugar algum. A leitura sempre foi minha forma favorita de relaxar. Sou capaz de viajar, explorar novas culturas, fugir para o mundo fascinante da ficção e do mistério sentado em minha poltrona.

Aprenda algo novo! Experimente romances, biografias e o mundo da poesia. Você ficará fascinado com o quanto uma boa leitura pode afetar o seu desenvolvimento pessoal e a sua personalidade, sem mencionar as suas Vendas. Sim, pode acreditar! Você não somente estará se protegendo contra o estresse e as tensões diárias, mas, também, terá o conhecimento que o capacitará a melhorar o seu relacionamento com as outras pessoas.

Muitas das nossas necessidades pessoais podem ser satisfeitas dentro de nossa própria família. Seus membros são, quase sempre, nossos defensores mais leais. Uma conversa profunda com alguém que se importa conosco é uma das formas mais eficientes de nos livrarmos de algumas frustrações ou dificuldades depois de um dia atribulado de trabalho. Sem duvida, é como uma terapia.

Um dia inteiro com a família pode ser relaxante e agradável. Observar uma criança se esforçando para aprender a jogar futebol ou criando um projeto de Ciências pode nos fazer pensar o que é importante em nossas vidas.

Um provérbio zen-budista ensina a importância das coisas simples em nossa vida: “No início,  carregar água e cortar lenha; depois de atingir o estado de iluminação, cortar lenha e carregar água”.

Muitos sonhos e desejos de infância só podemos realizar na fase adulta.  Quando criança, eu adorava autorama e, depois de adulto, me pego competindo com o meu filho. Além de trazer recordações prazerosas, sinto uma imensa satisfação de poder realizar um sonho de infância. Particularmente, gosto de caminhar. Ao caminhar, muitas ideias vêm à cabeça, como se estivesse meditando. Muitas vezes, as soluções surgem de forma natural e espontânea para os meus problemas e preocupações.

Após um dia estressante, um momento de relaxamento pode ajudar muito. Procure sentar-se confortavelmente e relaxe todos os músculos do corpo. Estando relaxado, dirija o pensamento a lugares em que gostaria de estar, como, por exemplo, uma praia, um recanto que lhe traz boas recordações ou qualquer lugar que seja calmo e tranquilo. Permaneça assim pelo tempo que julgar necessário: dez, quinze, vinte minutos.

Outra forma de relaxar é respirar profundamente, sentindo o ar se dirigir à base do pulmão e expandir o abdome. Retenha o ar por alguns instantes e expire-o todo pela boca ou nariz. Imagine cada inspiração recebendo um ar carregado de paz e tranquilidade. Os iogues sugerem seis segundos para a inspiração, seis para a expiração e três para as retenções dos pulmões cheios ou vazios.

Muitos problemas resolvi caminhando, pois as ideias surgiram pelo simples fato de estar relaxado e divagando ao caminhar. Às vezes, uso a técnica da respiração enquanto caminho. Enfim, não importa o que você decida fazer para relaxar e se recompor, desde que reserve um tempo para pensar no que é bom para você. Assuma um compromisso consigo mesmo e, então, faça com que aconteça! O impacto na sua satisfação pessoal e no seu rendimento profissional será indiscutível!

Saída de cena

Nem sempre é fácil sair de um relacionamento sentimental ou, quando necessário, até de uma velha amizade. Existem, no entanto, inúmeras formas de se fazer isso, algumas mais eficientes, outras nem tanto. Encerrar uma visita, sair do escritório de um cliente após uma visita de Vendas, ou seja, sair de cena, requer muito bom senso e profissionalismo. Pode parecer fácil, mas realmente não é. São inumeras as histórias engraçadas sobre representantes de Vendas que ficaram tempo demais na visita e acabaram perdendo a objetividade e as Vendas!  Imagine um vendedor que, após o término de uma visita exitosa, iniciou uma discussão sobre futebol, defendendo apaixonadamente o clube rival do time para o qual o cliente torce. Ou o vendedor que agradeceu tantas vezes o cliente pela promessa de comprar o produto que terminou a visita com um desconfortável silêncio. Ou, ainda, aquele que revelou seus planos de férias extravagantes e caras logo após propagar convincentemente um produto cujo preço é muito mais alto do que o do concorrente.

Demorar muito tempo e passar do momento de sair de cena podem provocar situações bem embaraçosas. É natural que o vendedor queira prolongar o sabor da conquista, os louros da vitória após ter atingido o seu objetivo, mas deve resistir à tentação de se prolongar e não ficar além do tempo que lhe é oferecido. O timing é muito importante em Vendas. Há o momento certo para visitar, falar, ouvir (“ouça mais, venda mais”) e, principalmente, atingir o objetivo da visita. Há também a hora certa de encerrar a visita e sair.

Os atores sabem muito bem que a saída do palco é tão importante quanto a entrada. Por isso, a saída de cena ou encerramento merece atenção toda especial. A plateia tem certeza de que a peça terminou e aplaude. Imagine agora os atores saindo pela porta errada e voltando para o palco. Seria um desastre!

Embora os vendedores não tenham um roteiro exato a seguir, eles necessitam de uma ‘deixa’ do cliente. A percepção de ter atingido o objetivo da visita é um sinal claro de que é hora de sair. Um limite de tempo combinado previamente é outro ponto que precisa ser respeitado.

O detetive Columbus, de um conhecido seriado americano, sempre encerra a sua visita de forma eficaz, ou seja, depois de ter feito todas as perguntas e sair fechando a porta, ele a abre novamente e faz mais uma pergunta. De forma sutil, ele consegue mais um pouco de tempo e, muitas vezes, aproveita para fazer a pergunta-chave que vai resolver todo o mistério.

Outras dicas são mais sutis. O cliente pode demonstrar sinais de impaciência manuseando nervosamente seus papéis, olhando o relógio ou agindo de forma menos cordial. Neste momento, mesmo que o representante ainda não tenha atingido o seu objetivo, é melhor abreviar a propaganda e sair. É melhor sair do que prejudicar o relacionamento.

Para tanto, é importante sempre estar preparado e ter uma apresentação resumida, pois nunca se sabe em que tipo de situação vai ser necessário utilizá-la. Neste caso, certifique-se de que as perguntas do cliente foram respondidas e, então, agradeça pelo tempo concedido. Se for oportuno, agradeça também pela oportunidade de explanar sobre as características e benefícios do produto. Um bom conselho: seja simpático, objetivo, cortês e sorridente.

O medo nas vendas

O medo é uma reação natural do ser humano. O mais comum é o medo do desconhecido. Temos medo do que não foi experimentado, testado ou revelado antes. Até mesmo um lugar conhecido pode ser assustador em determinadas situações. Uma rua que nos é familiar durante o dia pode se tornar perigosa no escuro. Uma viagem de avião pode se tornar assustadora durante uma forte tempestade.

Toda vez que algo nos assusta, liberamos adrenalina, fazendo com que a nossa pupila se dilate, nossa atenção aumente, nossos músculos se retraiam. Assim, ficamos preparados para responder rapidamente a um imprevisto qualquer. Esta é a resposta fisiológica do nosso organismo a eventuais agressões.

Apesar da crença comum de que as pessoas da área de Vendas são sempre corajosas, o representante não está imune ao medo, pois lida com o desconhecido todos os dias. Algumas vezes, receia lidar com novos clientes ou novas situações. Reage à ideia de cotas de Vendas elevadas ou a novos projetos. Na maioria das vezes, esses medos são infundados.

Racionais ou não, no entanto, muitos representantes devem superar o medo sempre que visitarem um novo cliente, caso contrário aguardarão com um nó na garganta até que o cliente decida comprar o seu produto. Para alguns, superar o medo é um desafio praticamente diário. Não existe uma fórmula simples para eliminar o medo. Como mencionei antes, o temor faz parte do ser humano e tem uma função vital:  dá o sinal de que algo importante está acontecendo, que alguma coisa requer nossa atenção e exige o nosso melhor desempenho e nossas melhores habilidades para a tomada de decisões. Uma coisa é certa: a única constante em nossas vidas são as mudanças, que sempre vão acontecer, quer em nossa vida pessoal, quer na profissional. Se aceitarmos isso como verdade, estaremos preparados para enfrentar as mudanças de uma forma positiva. Quanto mais bem preparado o representante estiver, mais seguro vai se sentir e menos medo terá.

Em vez de focar a preocupação de forma negativa, por que não prestar mais atenção aos próprios instintos e procurar lidar com esta situação como se fosse uma oportunidade? Use a tensão como um lembrete para estar preparado e examine as experiências em situações similares para encontrar uma solução positiva.

Lembre-se de estar aberto a novas oportunidades e de estar mentalmente preparado para qualquer eventualidade. Na maioria das vezes, o medo está ligado à ideia de fracasso nos vendedores. Eles não conseguem se concentrar porque o medo do fracasso está minando a sua confiança. Outras vezes, os vendedores têm medo da concorrência. Ficam tão impressionados com o poder dos concorrentes, que desistem antes mesmo de tentar vender. Esquecem-se de que os clientes perdem o interesse por produtos e relacionamentos já existentes e vão atrás de novidades. Por isso, boas oportunidades de negócios podem estar à espera e, talvez, a própria concorrência também esteja preocupada.

Outras vezes, os vendedores se preocupam em demasia. Em algumas situações, a preocupação é tão grande que chega a paralisar as suas ações.

Eu, quando jovem, me preocupava muito com tudo. Quanto mais me preocupava, mais preocupações surgiam. Eu até me preocupava por me preocupar tanto. Receava ter úlcera, receava que minha resistência imunológica fosse cair e que ficaria doente, sem ter dinheiro para pagar a conta do hospital. Até que aprendi que ansiedade atrai ansiedade!

Conversando com o meu mentor, Eduardo Rabello, na época Vice-Presidente de Marketing na Pfizer, comentei que minhas preocupações estavam me “matando”. Rabello, uma pessoa admirável, fantástica, um pai espiritual para mim, que me motivava, orientava, e quem me levou para os Estados Unidos, onde trabalhamos juntos, me disse o seguinte: “Você precisa aprender a esperar para se preocupar”. Sem dúvida, foi um ótimo conselho. A partir de então, mudei minha forma de reagir em situações preocupantes, reduzindo-as pela metade.

Estudo realizado pela Universidade de Chicago confirmou que, de todas as nossas preocupações, apenas 8% se concretizam, ou seja, nos outros 92% gastamos energia nos preocupando com coisas que não acontecem. Por que, então, se preocupar por antecipação? Já dizia o ditado popular: “Peru é que morre na véspera”.

Lembro de um comediante que uma vez disse: “Eu tento afogar minhas preocupações com uísque, mas parece que elas estão equipadas com salva-vidas”. Sinceramente, não é fácil controlar as preocupações, mas temos que fazer isso se quisermos levar uma vida mais produtiva e feliz. A melhor forma de lidar com as preocupações é viver o presente, que é o presente que Deus nos deu. O passado ficou para trás. Portanto, esqueça-o simplesmente e viva o presente. Seja parte da solução, não do problema. O medo em nada ajuda a melhorar o dia de amanhã, apenas enfraquece o dia de hoje. Superar o medo, controlar a ansiedade, é uma rotina no trabalho contínuo dos representantes de Vendas. Por isso, deixo aqui alguns conselhos:

  • É normal ter medo do desconhecido. Lide com ele sem susto.
  • Faça do estresse um aliado e procure melhorar o seu desempenho.
  • Sempre pense em sucesso. Elimine a palavra ‘fracasso’ do seu vocabulário.
  • Respire fundo e mantenha-se calmo e relaxado.
  • Converse sobre seus receios com alguém em quem confia.
  • Não superestime a concorrência.
  • Concentre-se nas coisas que lhe proporcionam confiança.

Concorrência

Todo profissional de Vendas tem dois objetivos principais: 1) manter os negócios atuais; e 2) procurar sempre conquistar novos negócios e novos clientes. Mantendo os negócios atuais, você mantém suas Vendas, mas é conquistando novos negócios que você cresce e expande.  Aqui, vamos falar um pouco sobre como lidar com a concorrência, conquistar novos negócios e novos clientes.

Para o vendedor, conseguir a aceitação de um cliente a um novo produto ou serviço é uma tarefa muito difícil. Quantas vezes já ouvimos um cliente dizer: “Estou muito satisfeito com o produto que utilizo e não tenho motivos para trocá-lo!”. E isso parece indicar o status definitivo, ou seja, que o cliente está dizendo que não vai trocar o produto que está usando por outro. É verdade que existem inúmeros clientes que não são abertos a mudanças. Estou falando daquele mais conservador, que não gosta de mudar, que prefere manter o status quo a investir em uma proposta nova e assumir riscos. Tal cliente costuma dizer: “Time que está ganhando não se mexe!”.

Contudo, a história nos mostra que são as mudanças que trazem o progresso. E que tudo – ou quase tudo – pode ser mudado. Até o posicionamento resistente de um cliente super conservador.

Por experiência própria, posso dizer que o diálogo é uma estratégia-chave para vencer este tipo de resistência, desde que tenha conteúdo, com frases sempre bem construídas e palavras bem colocadas.  Estou falando de diálogo e não de monólogo, já que a maioria dos vendedores quer tanto impor o seu ponto de vista que acaba não escutando e só falando. Ao invés de estimular uma discussão produtiva e uma maior empatia com o interlocutor, gera mais obstáculos e conflitos.

O economista francês Frederic Bastiat, defensor fervoroso do livre comércio no século XIX, costumava dizer: “Destruir a concorrência é matar a inteligência”. Empresas de pequeno e médio porte normalmente têm uma postura muito mais agressiva ao brigar por fatias de mercado do que empresas maiores e bem mais estruturadas. É comum vê-las se digladiando por um ponto de market share, adotando, às vezes, práticas como o dumping (vender abaixo do preço de custo), só para evitar que o concorrente tire o pedido em seu lugar. Outras vezes, utilizam-se de práticas não éticas ou mesmo ilegais. Não se dão conta de que este tipo de comportamento funciona como um tiro no próprio pé!

O resultado inicial pode até ser uma venda, mas a um custo muito alto e com pouco ou nenhum resultado a médio e longo prazos. A concorrência pode e deve existir. Muitas vezes, ter um concorrente ajuda a aumentar as Vendas. Lembro do lançamento de um medicamento que era único, sem concorrentes. Por ser uma molécula nova e não conhecida, investiu-se muito para desenvolver o conceito. Se tivesse um concorrente, provavelmente ajudaria a divulgar o conceito e, de certa forma, a expandir o mercado.

Portanto, ter um concorrente, um rival, pode ser fator positivo, ao invés de negativo, pois pode estimular o seu desenvolvimento. A atriz Whoopy Goldberg, ao receber um prêmio importante em sua carreira, disse: “Quero agradecer aos meus inimigos por me darem energia para acordar mais cedo. Eles me obrigam a evoluir!”.

Agradeça por ter um concorrente, analise suas críticas, procure melhorar seus pontos fracos e aperfeiçoar seus pontos positivos. Prepare-se para enfrentar a concorrência com alegria e bom humor. Descarte qualquer sentimento de ódio que aparecer. Seja sempre genuíno. Vencer o concorrente também é um objetivo a ser perseguido, contudo, aqui não pode valer a máxima do “sucesso a qualquer custo”.

De um lado, temos o efeito commodities, com produtos e serviços cujas funcionalidades são muito similares; de outro, há o poder crescente do consumidor, que são os que definitivamente dão as cartas e ditam a decisão final. Você deve, então, estar se perguntando: como, afinal, é possível vencer a concorrência? Aqui vão algumas dicas que já experimentei com sucesso  e recomendo:

1-    Seja sempre honesto! Não perca tempo lendo as demais dicas se você não pretende seguir esta. Os maiores vendedores que conheci em minha vida não mentiam nem deixavam de falar a verdade aos clientes. Você pode se questionar: “Mas se todos os concorrentes mentem, por que vou ser honesto? Assim não vou vender nada”. Errado! Quanto mais honesto você for, mais você vai vender. Acredite!

2-    Amplie e atualize seus conhecimentos investindo em treinamento. É muito importante conhecer a fundo seus produtos, serviços e seus diferenciais, bem como compreender e dominar as particularidades do mercado em que a sua empresa atua. Esta é a base para estabelecer um diálogo consistente, assim como ter argumentos significativos para convencer o cliente a se decidir por uma compra.

3-    Imagem pessoal é tudo! Qualquer negociação de Vendas requer uma relação interpessoal e, neste sentido, a aparência é extremamente importante, por traduzir muitos significados. Estou falando do marketing de percepção. Na intenção de atrair a atenção e a confiança do cliente, é fundamental cuidar bem da própria imagem. Por outro lado, o cliente vê a empresa através de quem a representa, ou seja, você. Daí a importância de sempre causar uma boa impressão. Lembre-se: o representante de Vendas é o cartão de visita da empresa. É quem personifica a imagem da empresa.

4-    Procure sempre cultivar um relacionamento excepcional com os seus clientes. Esta é, sem dúvida, a melhor forma de conquistar e fidelizar os clientes. Fazendo isso, você não só irá conquistar a confiança dos clientes como também criará um relacionamento sólido, duradouro e difícil de ser quebrado pela concorrência. Desenvolver um bom relacionamento é a melhor forma de bloquear os concorrentes.

5-    Seja sempre ético! Valorize os diferenciais e benefícios do seu produto e nunca critique nada ou ninguém. É muito mais produtivo do que tentar manchar a imagem dos seus concorrentes. Com isso, você estará mostrando claramente que tem padrões éticos de conduta, e o seu cliente irá respeitá-lo ainda mais.

6-    Sempre que possível, tenha o produto disponível. Pode parecer óbvio, mas isso realmente faz uma grande diferença. Poder demonstrar o seu produto ajuda na venda. Outro fator importante é cumprir com o prometido, ou seja, entregar o produto ou serviço na data combinada, sem atrasos ou desculpas.

7-    Lembre-se de que a luta com a concorrência é constante. Esteja sempre atento às movimentações do mercado e das empresas com as quais você concorre, sem esquecer que eles devem estar monitorando os seus passos da mesma forma. Um olho no mercado, outro na concorrência!

8-    Seja paciente. É impossível mudar as estações do ano, da mesma forma que é impossível mudar uma percepção em apenas uma visita.

9-    Valorize e sempre respeite o seu cliente. Isso significa saber escutar. Como já mencionei aqui, Deus nos deu dois ouvidos e uma boca porque temos que escutar muito mais do que falar. Escutar as dúvidas, receios e ansiedades. Se só você fala, como vai descobrir as necessidades do cliente e saber se o produto que quer vender é bom ou não para ele?

10-  Aja sempre com profissionalismo e dedicação!

Intuição

Imagine a seguinte situação: você está atravessando a rua e, de repente, um carro em alta velocidade perde o controle e vem em sua direção. O que você faz? A sua reação instintiva será pular para um lado ou outro e tentar escapar, não é mesmo? Você reagiu rapidamente, nem pensou, e se salvou de um acidente quase certo.  Obviamente, se tivesse ficado parado e pensando qual a melhor alternativa a ser considerada, provavelmente, não escaparia vivo.

O que você fez, involuntariamente, foi usar a intuição para salvar a vida.  Neste tipo de situação, a resposta inicial do organismo é liberar uma grande quantidade de adrenalina na corrente sanguínea, fazendo com que os seus músculos se contraiam, seu coração acelere, sua pupila se dilate. Enfim, o seu corpo inteiro fica pronto para uma reação imediata – fugir do carro, neste caso em questão. Portanto, podemos definir intuição como o produto de uma atividade mental subconsciente. É aquela voz interior que diz “pula” e você nem sabe a razão. Ou, então, que nos diz se uma pessoa é confiável ou não.

Vendedores de sucesso são pessoas que aprenderam a confiar em sua intuição. Herbert Simon, que ganhou o Premio Nobel de Economia em 1978, pesquisou o papel da intuição no mundo dos negócios e chegou à conclusão de que profissionais de destaque em suas áreas de atuação tomam decisões guiados pela combinação de intuição com raciocínio lógico.  Segundo Simon, a intuição pode ser definida como o produto de uma atividade mental subconsciente. A intuição é uma qualidade inata. Mas, quando chega à idade adulta, a maioria das pessoas já perdeu o contato com a intuição. Vários fatores contribuem para isso, desde os pais, que tentam nos proteger do sofrimento ou do ridículo, até as tentativas dos nossos professores de nos disciplinar. A intuição é a percepção direta da realidade, sem a interferência dos preconceitos e sistemas de crença da nossa mente, ou seja, é um conhecimento além da lógica.

Nossa intuição está sempre falando conosco, mas a ignoramos na maioria das vezes. Aprender a relaxar e dedicar algum tempo a nós mesmos ajuda a ouvir a voz da intuição. Em Vendas, em algumas ocasiões, você não tem muito tempo para pensar, analisar e decidir, pois existem situações em que você vai ter que agir imediatamente. Vendedores mais experientes, treinados e bem preparados utilizam o instinto como um fator diferencial. É claro que, se você estiver tentando vender algo numa situação de estresse, sua adrenalina é liberada e seu estado de alerta estará aumentado. A combinação de preparo, conhecimento e estado de alerta geralmente resulta numa resposta rápida. Neste tipo de situação, seu instinto entra em ação. Não estou, com isso, tentando minimizar a importância do treinamento. Ao contrário: quanto mais bem preparado e treinado, melhor será a sua resposta.

É importantíssimo saber interpretar as reações do cliente e reagir rapidamente. Qualquer demonstração de preconceito, receio, antipatia ou desconfiança tem que ser resolvida imediatamente. Um bom vendedor se articula rapidamente, elimina os obstáculos e continua a fazer a sua apresentação.  A observação de dicas não verbais é importante, ou seja, a comunicação corporal pode dizer muita coisa. Como já mencionei em outro capítulo, se o cliente estiver lançando olhares furtivos para o relógio, pode ser que ele tenha algum compromisso importante; portanto, é melhor apressar a apresentação ou voltar em outro momento. Se o cliente estiver bocejando ou dando sinais de tédio, significa que a sua apresentação não está sendo interessante e que é o momento de usar uma abordagem mais dramática ou dinâmica. E se o cliente coloca objeções apenas com a intenção de despachá-lo, responda rapidamente a tais objeções e encerre a visita.

A intuição, ao contrário do que muitos acreditam, pode ser desenvolvida e até mesmo aperfeiçoada. Algumas pessoas são naturalmente mais intuitivas que outras. Por lidarem com pessoas todo o tempo, vendedores desenvolvem esta característica pelo simples fato de serem observadores hábeis das reações dos clientes. Um bom vendedor observa tudo que está relacionado ao seu cliente. Mesmo antes da primeira visita, ele já levantou informações sobre ele. Ao entrar no escritório, observa todos os detalhes possíveis, como fotos, decoração e tudo mais que possa ajudá-lo a entender melhor o cliente. Quanto mais informações, melhor para entendê-lo e ajudar no processo de intuição.

Dizem que as mulheres são mais intuitivas que os homens e que, invariavelmente, acertam nos seus julgamentos. Talvez porque sejam exímias observadoras e, frequentemente, analisam mais as pessoas do que normalmente fazem os homens. Tenho um amigo que não toma nenhuma decisão sem consultar a esposa. E comenta que sempre funciona e que a intuição dela nunca o deixou na mão.

A intuição ajuda muito a saber se o cliente está falando a verdade, se está interessado na sua visita. De nada adianta insistir e perder tempo com um cliente que não tem interesse nos seus produtos e que, por mais que o visite, nunca compra nada. Como diz um ditado indígena: “Quando você descobre que está cavalgando um cavalo morto, a melhor estratégia é desmontar”.

Seguir a intuição é fazer sempre as coisas certas, orientando-se pela sua consciência, negando-se a comprometer seus valores, apesar das pressões e tentações do dia a dia. Esta atitude é sempre a mais pertinente. A oração do cadete da academia militar americana nos dá um bom exemplo: “Faça com que escolhamos o que é certo, porém difícil, do que o que é errado, porém fácil. Nunca se contente com a meia-verdade, quando a verdade inteira pode vencer. Que nos seja dada a coragem, que vem da lealdade de tudo que é nobre e de valor, que não nos deixe aceitar a injustiça e nem temer quando a verdade e a justiça estiverem ameaçadas”.