Ciência

Cientistas criam substância que bronzeia sem tomar sol e sem risco de câncer

Após dez anos de esforços, pesquisadores descobriram uma substância capaz de penetrar na pele e bronzeá-la sem a necessidade de exposição aos raios ultravioleta do sol, reduzindo assim o risco de desenvolver um câncer de pele.

Diferentemente dos cremes autobronzeadores tradicionais, que só colorem a camada superficial da pele, esta molécula age estimulando as células que produzem pigmentos, cujo papel é absorver as radiações ultravioleta, explicam os pesquisadores.

Segundo o estudo publicado nesta terça-feira na revista científica americana Cell Reports, a nova molécula ainda precisa ser submetida a testes pré-clínicos para saber se é segura para os humanos.

Esta substância, aplicada como um creme, permitiu bronzear a epiderme de ratos de pelo vermelho que, assim como os humanos, são suscetíveis a desenvolver um câncer de pele como consequência da exposição aos raios ultravioleta.

Os cientistas logo descobriram, porém, que esta molécula não podia penetrar na pele humana. Por não estar protegida por uma camada de pelo espessa, a epiderme humana evoluiu ao longo do tempo para desenvolver proteções contra o frio, o calor e as radiações ultravioleta, entre outros.

“A pele humana é uma barreira formidável, difícil de penetrar”, explica o autor principal do estudo, David Fisher, chefe do serviço de dermatologia do hospital americano Massachusetts General e professor da faculdade de medicina de Harvard.

“Dez anos depois, encontramos uma solução. É uma classe diferente de compostos, que funcionam agindo sobre uma enzima diferente que converge no mesmo caminho que leva à pigmentação”, disse.

Os cientistas testaram estas moléculas em amostras de pele humana em laboratório e constataram que elas bronzeiam mais ou menos em função das doses da substância e da frequência das aplicações, e que este bronzeado artificial dura vários dias.

“A importância potencial deste estudo residirá no futuro em uma nova estratégia de proteção da pele e de prevenção do câncer de pele”, afirma Fisher. “A pele é o maior órgão do nosso corpo e pode ser afetada pelo câncer, na maioria dos casos por uma exposição aos raios ultravioleta”, conclui.

https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/afp/2017/06/14/cientistas-criam-substancia-que-bronzeia-sem-tomar-sol-e-sem-risco-de-cancer.htm

Pesquisa

Pacientes com câncer incurável entram em remissão após terapia genética

Estudo mostra boa resposta em mais de 90% dos casos de mieloma múltiplo e dá esperanças de cura

por O Globo

CHICAGO — Médicos e pesquisadores divulgaram, nesta segunda-feira, os resultados de uma pesquisa com imunoterapia que apresentou taxa de resposta “sem precedentes” em pacientes com mieloma múltiplo — um tipo de câncer no sangue até hoje incurável, que pode danificar os ossos, o sistema imunológico, os rins e a contagem de glóbulos vermelhos.

Na pesquisa, 33 dos 35 pacientes (94%) com esse câncer que participaram da experiência apresentaram remissão da doença — quando não há sinais dela, mas ainda não se pode dizer que se está curado — apenas dois meses depois de começarem uma terapia com de células T, que são as responsáveis pelo sistema imunológico.

Os cientistas retiraram células T dos próprios pacientes, modificaram-nas em laboratório com receptor de antígeno quimérico (CAR) e as injetaram novamente nos participantes, por meio intravenoso. Os primeiros resultados já começaram dez dias após esse processo. E a maioria dos pacientes teve efeitos colaterais mínimos.

Os dados foram divulgados durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica 2017 (ASCO), em Chicago, nos EUA, e publicados no “Journal of Clinical Oncology”.

Especialistas presentes no evento ressaltam que, apesar de o número de pacientes ser pequeno, é raro que qualquer tratamento contra o câncer tenha tamanho sucesso.

— Ainda é cedo, mas esses dados são um forte sinal de que a terapia com células T CAR pode colocar o mieloma múltiplo em remissão — destacou o oncologista Michael S. Sabel, da Universidade de Michigan. — É raro ver taxas de resposta tão altas, especialmente para um câncer difícil de tratar. Isso serve como prova de que a pesquisa de imunoterapia compensa.

A reprogramação genética das células T envolve a inserção de um gene projetado artificialmente no genoma dessas células, o que as ajuda a encontrar e destruir células cancerosas em todo o corpo.

Novas pesquisas ainda serão realizadas para determinar se esse tratamento é capaz, de fato, de curar a doença.

— Embora os avanços recentes na quimioterapia tenham dado uma expectativa de vida prolongada a quem tem mieloma múltiplo, este câncer permanece incurável — pontuou o autor do estudo, Wanhong Zhao, diretor associado de Hematologia no Second Affiliated Hospital da Universidade Xi’an Jiaotong, na China. — Nos parece que, com esta nova imunoterapia, pode haver uma chance de cura para o mieloma múltiplo, mas precisamos acompanhar pacientes por muito mais tempo para confirmar isso.

https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/pacientes-com-cancer-incuravel-entram-em-remissao-apos-terapia-genetica-21436886#ixzz4jFzs4xk5
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Pesquisa

Cérebro é capaz de detectar doença dos outros e nos faz evitar doentes

O cérebro tem um grande potencial em identificar sinais de fraqueza de saúde em outras pessoas, antes mesmo que uma possível doença se desenvolva

Do UOL, em São Paulo 02/06/201704h00

Nosso cérebro é muito eficiente para detectar uma doença em outras pessoas. Conseguimos perceber que alguém está enfermo antes mesmo dessa pessoa saber –e assim evitar o contágio.  É o que sugere um estudo publicado recentemente na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

Para os pesquisadores do Instituto de Karolinska, da Suécia, essa capacidade faz parte do instinto de sobrevivência do ser humano. “O estudo mostra que o cérebro humano é realmente muito bom em descobrir isto [doenças em outras pessoas] e que esta descoberta motiva o comportamento de prevenção”, disse Mats Olsson, do departamento de Neurociência Clínica.

Experiência

Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores fizeram uma experiência com um grupo de 22 pessoas, injetando nelas doses inofensivas de bactérias –ativando nestes indivíduos, assim, a resposta imunológica. Este grupo desenvolveu, por algumas horas, sintomas como cansaço, dor e febre.

Neste período, os pesquisadores retiraram amostras de cheiro, além de tirar algumas fotografias.  As imagens e os cheiros foram mostrados para o outro grupo de indivíduos, além de tirar algumas fotografias.  As imagens e os cheiros foram mostrados para o outro grupo de indivíduos, além das fotos destas mesmas pessoas saudáveis.

As atividades cerebrais desses avaliadores foram medidas por um scanner de ressonância magnética, enquanto eles diziam se consideravam que a pessoa era alguém atraem ou com quem manteriam contato social.

“Nosso estudo mostra uma diferença significativa na forma como as pessoas tendem a preferir socializar e a estar mais dispostas com pessoas saudáveis –do que aquelas que estão doentes e cujo sistema imunológico ativamos artificialmente”, afirma Olsson, que também concluiu que o cérebro humano tem um grande potencial em identificar sinais de fraqueza de saúde em outras pessoas, antes mesmo que uma possível doença se desenvolva.

O pesquisador sueco vê o resultado do estudo como uma confirmação biológica ao argumento de que o instinto de sobrevivência humana naturalmente implica na prevenção a infecção. “Há poucas pessoas além de seus filhos que você beijaria quando eles têm um nariz escorrendo”, diz ele.

https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2017/06/02/nosso-cerebro-e-capaz-de-detectar-doencas-incipientes-em-outras-pessoas.htm

Saúde

Por que nossos filhos poderiam herdar nossos vícios

Estudos mostram que o consumo de drogas como a cocaína podem ser transmitidas para as gerações posteriores

DANIEL MEDIAVILLA -02/06/2017 – 12:45 BRT

Acredita-se que as penas dos dinossauros não apareceram porque facilitaria o voo deles. As primeiras utilidades que favoreceram sua seleção foram, possivelmente, porque ajudavam a manter a temperatura corporal ou serviam como atrativo sexual. Depois começaram a ser o apoio para realizar modestos voos e milhões de anos depois, o resultado daquele processo é observado nas aves que planam nos céus. Uma adaptação semelhante é a que serve para que alguns seres humanos voem, neste caso com drogas.

O sistema de recompensas naturais do nosso organismo apareceu porque nos empurrava a procurar coisas que facilitavam nossa sobrevivência. Substâncias como a cocaína trabalham através dos mecanismos de recompensa que nos fazem sentir bem quando saciamos a sede ou a fome, mas com um efeito muito mais intenso. Estas maneiras para garantir que procuremos água ou comida foram favorecidas pela seleção natural, mas também estão por trás dos vícios.

Faz algum tempo, é conhecido que há fatores genéticos hereditários que podem tornar uma pessoa mais propensa ao vício. Amplos estudos com gêmeos mostraram que o risco de abusar das drogas é hereditário em até 60% dos casos. Isso se relacionou com variações no genoma, mas essas particularidades não explicam inteiramente o fenômeno. Nos últimos tempos, acumulam-se evidências de que algumas mudanças que ocorrem nas marcas químicas que o estilo de vida agrega ao genoma, o que é conhecido como epigenoma, também podem ser transmitidas às gerações posteriores. Isso também aconteceria com a vulnerabilidade ao vício.

Esta semana, um grupo de pesquisadores da Universidade de Fudan, em Xangai, China, publicou os resultados de um estudo que pode ajudar a entender um pouco melhor a relação entre as mudanças epigenéticas de um consumidor de cocaína e a propensão que seus filhos utilizem a substância de forma descontrolada. No artigo, que foi publicado na revista Nature Communications, explicam como separaram ratos dependendo da motivação para procurar a droga. Este interesse dos roedores era medido fazendo com que, para ter acesso à substância, tivessem que empurrar uma alavanca várias vezes. O número máximo de vezes que um dos participantes no estudo pressionava a alavanca era utilizada para estimar o grau de motivação que a droga inspirava.

Depois de identificar os animais com mais interesse em tomar cocaína, observaram a relação de seus filhotes com a substância e viram que eram mais propensos a se viciar, algo que em seres humanos ocorre em cerca de 20% dos consumidores habituais. Os autores também descobriram que a hereditariedade do vício não depende de um consumo maior ou menor, mas da maior ou menor motivação para buscar a substância.

Para entender melhor os fatores que tornam hereditário o vício, os pesquisadores analisaram o esperma dos ratos que queriam consumir mais e dos que não. Assim, encontraram diferenças na metilação de algumas zonas de DNA, um tipo de marcas epigenéticas que alteram a expressão dos genes. Depois, viram que algumas dessas mudanças também se mantinham na prole, algo que poderia explicar por que eles também têm comportamentos de dependência.

Embora o estudo tenha sido realizado em animais e não se deveria pensar em extrapolá-lo diretamente para seres humanos, os resultados são consistentes com as observações que foram realizadas em estudos epidemiológicos. O consumo de cocaína dos pais tem sido relacionado com problemas de ansiedadenos filhos, memória deteriorada e déficit de atenção. Além disso, foi observado que se a mãe toma cocaína antes da gravidez, a sensibilidade dos filhos à droga aumenta, o que facilita o vício.

O conhecimento da influência das alterações epigenéticas dos pais na tendência para o consumo abusivo de drogas nos filhos poderia servir no futuro para modificar e reduzir esse risco. Pesquisadores como Juan Carlos Izpisúa, professor do Laboratório de Expressão Genética do Instituto Salk nos EUA, conseguiu manipular essas marcas e esperam que isso possa ser feito de forma mais controlada e generalizada no futuro. Os autores deste estudo agora querem estudar se o uso de outras drogas, como a heroína, pode causar alterações epigenéticas semelhantes.

http://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/31/ciencia/1496244370_258847.html