Liderança Zen
Imagine uma liderança em que o líder não precisa necessariamente estar presente. Uma liderança que desenvolve e envolve de tal forma os colaboradores que a presença física do líder passa a ser apenas um detalhe.
Difícil imaginar? Talvez num primeiro momento. Mas atingir esse tipo de liderança é praticamente o mesmo que atingir o estado de iluminado que visa a filosofia oriental.
O grande segredo está na gestão de pessoas, no modelo de atuação através do qual o líder desperta talentos, contribui, delega, incentiva e, mais do que isso: de fato ama seus colaboradores. Sim, estou falando sobre manter por sua equipe um sentimento de amor genuíno, incondicional, um amor semelhante àquele que os pais tecem por seus filhos. Um amor que se preocupa, que educa, que constrói.
Quando o líder ama seus colaboradores (e aqui vale ressaltar a diferença enorme entre defini-los assim do que como funcionários: funcionários apenas desenvolvem funções enquanto colaboradores participam do processo), irá sempre procurar e tentar proporcionar o melhor para eles. Visará desenvolvê-los, descobrir qual a característica pessoal e profissional mais valiosa de cada um. Terá como objetivo maior criar-lhes condições para que atinjam o máximo de suas potencialidades.
Falo de uma liderança zen, que tem uma forte visão e embasamento humanístico e está sustentada numa relação de absoluto respeito, dedicação, lealdade e confiança mútua. Nesse modelo inovador de gestão, o líder desenvolve a criatividade e o compromisso de seus colaboradores a fim de que os objetivos pessoas e de negócios da companhia sejam alcançados.
Trata-se de uma cultura onde o trabalho está além das fronteiras organizacionais, funcionais e geográficas. Uma cultura que cria estímulo, entusiasmo, que encoraja a melhoria contínua, a inovação e a disposição para arriscar. Todos sentem-se motivados e energizados. E automaticamente colaboram – o que representa aquele reforço extra que, muitas vezes, faz tremenda diferença. Todos lutam juntos e celebram os resultados atingidos.
Como não existe a figura soberana de um presidente, todos assumem essa posição dentro da companhia – passam a ter um objetivo comum, compartilham a mesma visão estratégica e trabalham por uma única missão. Lideram seus processos e buscam os melhores resultados.
O líder zen ouve, respeita, gera alternativas, alinha metas, orienta, esclarece, aceita erros. É aquele que lidera através de exemplos – como ética, transparência e solidariedade. Talvez um dos maiores líderes zen tenha sido Jesus Cristo, que nunca escreveu um livro, não ensinou através de seminários nem mesmo criou um detalhado esboço para que seus discípulos pudessem seguir. Mais de dois mil anos já se passaram e, mesmo assim, seus seguidores somam mais de um bilhão…
Mas como medir os impactos desse tipo de liderança? Através dos bons resultados de negócios que certamente são alcançados. E, também, do melhor clima organizacional que se instala na companhia – gerando um ambiente de confiança, empenho, compromisso, colaboração e participação.
Treinamento constante e aperfeiçoamento dos colaboradores integram a relação de comportamentos-chave que devem ser adotados para que esse modelo de gestão gere bons frutos e a companhia tenha, de fato, uma equipe coesa, participativa e de sucesso. Para que tenha bons líderes. Isso porque auto-confiança só pode ser alavancada com muito treinamento. É o que leva pessoas a inovarem, arriscarem e atingirem as metas estabelecidas.
Creio que aí está a verdadeira liderança. Aquela que cria um cenário em que os colaboradores atingem tamanho grau de desenvolvimento que a companhia já não depende da presença física de um único executivo para continuar se desenvolvendo. Todos assumem como líderes. E brindam o sucesso no final.
Impossível? Não! Estou falando de uma prática totalmente alcançável, desde que se acredite nisso e crie-se mecanismos e condutas para chegar até aí.
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